“A criatividade não se dá bem com a solidão”

Muito se fala sobre a criatividade e já são inúmeros os pesquisadores que se propõe a pesquisá-la. Das teorias sobre a genialidade às práticas meditativas que garantem um aumento significativo do potencial criativo, a criatividade entrou definitivamente no campo das necessidades do séc. XXI, seja você um profissional de alguma das áreas ditas “criativas” ou não. Fato é que a criatividade é característica de suma importância para qualquer indivíduo, podendo ser o diferencial determinante em um processo de seleção – e para nós, das áreas de comunicação e artes, ele pode ser o que nos separa de uma carreira de sucesso. Durante meus estudos na área de comunicação – e minha vivência profunda na área das artes – pude constatar um detalhe muito importante: a criatividade e a inovação são avessas à solidão.

O imaginário popular há muito tem insistido na figura do gênio solitário: esse indivíduo recluso que, no auge de seu isolamento, chega à mais brilhante de suas conclusões – dono de uma criatividade sem limites que jorra inovação pelos poros. Essa ideia do gênio tem criado um distanciamento real entre esse possível indivíduo “genial”, cuja criatividade parece nascer de forma espontânea, e o “resto” do mundo, meros mortais incapazes de produzir boas ideias. Quantos de nós não fomos podados por esse conceito? Francamente, eu consigo enxergar vários problemas nesse conceito de gênio, mas aqui quero tratar de apenas um deles: o isolamento.

Ao contrário do que se diz, os grandes saltos da humanidade vêm sempre de esforços coletivos e quem diz isso não sou eu. Os mais diversos pensadores têm demonstrado uma relação palpável entre a troca de ideias e uma criatividade efervescente. Como muito bem dito neste Ted Talk de Steven Johnson, os aparecimento do café – não só a bebida, mas o espaço para desfrutá-la – na Europa pode ser apontado como um dos responsáveis pela explosão do iluminismo e toda a ebulição do séc. XVIII – que culminaria na Revolução Francesa . Foram as feiras de Paris, cheias de pessoas de diferentes visões culturais, que deram à luz a música de Debussy, de Stravinsky, a moda revolucionária de Coco Chanel, a arquitetura modernista e tantas outras revoluções estéticas, tecnológicas e de costumes que experimentamos no início do século XX. E esse é um padrão que tem se repetido durante toda nossa existência: quanto mais as pessoas, com suas diferentes culturas, visões de mundo e experiências, se encontram, maiores são as mudanças na humanidade – quer maior indicativo de criatividade florescente que esse?

E hoje vivemos outro desses momentos catalisadores, onde a internet assume o lugar dos cafés europeus do século XVIII e possibilita um fluxo enorme de ideias, discussões, informações, uma verdadeira rede de encontros que pode ser – e já é – o celeiro das novas ideias que mudarão o mundo. Portanto, não tranque suas ideias a sete chaves. Dividir, discutir, compartilhar: essas são as palavras de ordem para a criatividade e a inovação. Veja, comente, sugira, escute, fale e, aqui o mais importante de tudo, não se isole – a criatividade não se dá bem com a solidão.

 

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