A caminho da Lua: a linha tênue entre cópia e inspiração

Tradição, família, emoção, luto, perdas, superação e conquistas embaladas por belas canções. Esses são alguns dos elementos que cruzam o caminho de Fei Fei, uma garotinha chinesa que entende que a Lua fica logo ali e, segundo seus cálculos, chegar até ela é mais do que possível.

Paro por aqui para não cometer a infração de dar spoilers sobre Over the Moon, ou A Caminho da Lua, na versão em português da série animada da Netflix lançada em outubro.

Já são muitas as análises e críticas de quem entende muito mais de cinema do que eu. Mas um elemento me chamou a atenção: Over the Moon utiliza a receita da Disney para lidar com a própria Disney que, com seu serviço de streaming, passou de parceira a concorrente direta.

Começamos por um fato determinante. A cabeça pensante por trás de Over the Moon é Glen Keane, animador e ilustrador americano cujo portfólio inclui clássicos como “A Pequena Sereia” (1989), “A Bela e a Fera” (1991), “Aladdin” (1992) e “Tarzan” (1999), para mencionar apenas alguns.

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Uma pausa aqui para relacionar à animação ao mundo dos negócios, como eu tento fazer aqui em meus artigos semanais. No dia a dia das empresas é comum tentar combater a concorrência e existem várias armas e estratégias para isso. No entanto, é importante delimitar o limite entre inspiração para lidar com a concorrência e simplesmente a cópia.

Levar um grande talento da concorrência, se inspirar em seus produtos de sucesso, comunicação e linguagem são práticas comuns e aceitáveis, mas sempre dentro de uma linha tênue.

Um artigo recente da RockContent, escrito pela Laíze Damasceno, trazia essa distinção de forma clara:

Inspirar: “usar alguma referência para criar algo, seu, original, próprio”

Copiar: “uma obra; imitar alguém ou as suas maneiras; reproduzir um original”

E no mundo dos negócios. Sobretudo com consumidores atentos e o escrutínio diário das redes sociais, para que uma inspiração vire cópia é um pulinho (inclusive, esse é o nome da coelhinha da nossa protagonista: Pulinho).

Não é difícil, inclusive, ver um projeto se transformando em uma grande dor de cabeça porque ele usou referências de outros.

Agora, voltando ao Glen: ele já foi chamado de “lenda da Disney” e, ainda que fora da empresa, reforça que respeita a magia Disney. Mas como criar uma história em outro estúdio com um peso tão forte de ter trabalhado para a Disney? Ele mesmo responde:

“Como eu poderia fazer algo que não fosse Disney? Algo que estivesse faltando?”, questionou? Ele conta que, ao se deparar na internet com uma ilustração de Ariel, de A Pequena Sereia, com traços diferentes, que, segundo ele, parecia com os seus, mas diferente. E Glen acabou contratando a autora Brittany Myers para sua equipe.

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