A morte do evento híbrido

Mas então será o fim dos eventos transmitidos online? Não, de forma alguma!

No SXSW é possível que uma mesma pessoa assista a uma palestra sobre blockchain logo de manhã, aprenda sobre medicina psicodélica na hora do almoço e, no fim da tarde, participe de um intenso debate sobre oportunidades no live commerce chinês. 

Esse sujeito vai terminar o dia misturando ideias e, quem sabe, dali não sai uma loja de NFTs, criada por pacientes tratados com MDMA que fazem lives para vender seus produtos? 

Sacou? É da mistura de tudo que você assiste individualmente que surgem boas idéias.

Por isso vale juntar nesse post duas palestras: a primeira delas da Wes Kao fundadora da Maven, uma startup de cursos como a Hotmart ou Eduzz no Brasil. A segunda de dois executivos: Jeff Sinclair, CEO da Eventbase e Rex Serrao, diretor de Marketing e Eventos da Salesforce.

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Como trabalho com infoprodutos, pude perceber que muito do que a Wes Kao disse sobre o mercado de cursos online dos EUA, nós também observamos no brasileiro: 

1- as pessoas que compram cursos previamente gravados dificilmente assistem a tudo (em média, só 6% assiste);

2- o tempo de retenção da atenção dos alunos é de 2 a 4 minutos – um monólogo gravado definitivamente não é uma ferramenta didática efetiva;

3- comunidades fechadas que você paga assinatura para participar são mais valiosas que cursos gravados por causa do aprendizado descentralizado e troca entre os membros;

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Agora misture esses insights com a segunda palestra do dia:

Reinventando eventos ao vivo para um mundo pós-Covid. 

Nessa, a grande mensagem dos executivos foi mais ou menos assim:

“Depois de dois anos batendo cabeça, chegamos à conclusão de que eventos híbridos simplesmente não funcionam”.

Talvez você tenha participado de um desses eventos “híbridos” em que a interação se dá por meio do chat. Você pode até ter recebido um caderninho em casa para anotar se sentir acolhido, uma camiseta, caneca… Alguns organizadores até apostaram em experiências de realidade virtual ou aumentada.

A pergunta que importa é: como você se lembra desse evento? (se é que lembra alguma coisa)

Quando você vai a um evento presencial e tem uma experiência bacana – obrigado SXSW – você vai se lembrar dele por MUITO tempo. No online, por mais que o conteúdo seja incrível, é muito provável que você se esqueça logo depois.

Mas então será decretada a morte dos eventos transmitidos online? Não, de forma alguma!

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É importante encaixar eventos presenciais e online dentro de uma jornada mais longa de relacionamento com cada cliente/participante. Cada um no seu devido lugar.

Nesse ponto a “sinapse” da rota escolhida no meu dia de SXSW acendeu.

Digamos que você seja um professor/palestrante/produtor de conteúdo digital e organize um evento presencial para 100 alunos em janeiro. Seis meses depois, seu evento é apenas uma memória de verão. O networking entre os participantes já esfriou e o máximo que você pode esperar é que eles estejam ansiosos pelo evento do ano que vem.

Aí seria o momento ideal para organizar algo online. 

Um evento 100% pensado para uma experiência completa de quem está acompanhando em casa pela internet. Menos monólogo, mais salas divididas no zoom para que os participantes retomem o networking, mais interação e exercícios ativos, ensino omnidirecional, conteúdo mais curto, mais objetivo… um evento que vai reforçar a memória afetiva do presencial e servir de “topo de funil” para quem não foi.

É por isso que o SXSW é um grande Tetris. Cada palestra, cada show, cada debate é uma pecinha arremessada na sua direção. Individualmente você vai organizando esse quebra-cabeças da forma que faz sentido na sua cabeça. A cada encaixe você ganha o jogo!


As opiniões contidas em nossos textos autorais refletem a visão de seus autores e não necessariamente do Update or Die!

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