Pequeno ensaio motivado por um mamão

Toda virada de ano é a mesma coisa: terráqueos de toda parte do globo enviam e recebem milhares de mensagens com votos de felicidade e sucesso no ano vindouro.

Apesar de todos sabermos que nesse exato momento há pessoas morrendo por causa de doenças, acidentes, guerras, fome, suicídio e outros, o clima de “paz e boa vontade entre os homens” toma conta da maioria dos corações e a esperança de dias melhores é sempre renovada.

Mas deixando um pouco de lado todo o romantismo dessa época, a grande questão é saber o quão dispostos você e eu estamos, de fato, em contribuir de forma efetiva com aquilo que estamos desejando a nós mesmos, à família, aos amigos e especialmente ao mundo!

Há uma passividade inconsciente de que toda mudança só pode acontecer a partir de órgãos superiores e seus decretos governamentais, mas aqui “em baixo”, no chão da fábrica, sempre haverá a possibilidade da ação individual.

Ninguém, sozinho, pode mudar o mundo, mas cada um pode sim, mudar a si mesmo e colaborar positivamente para mudanças no seu entorno. E isso pode se dar, obviamente, através de atitudes – que nem é preciso discorrer sobre, pois todo mundo sabe o bem que deve praticar – e também através de “não-atitudes”, sobre as quais pouco se fala.

Vou me concentrar em abordar apenas 1 não-atitude, que pode ser demonstrada por uma pequena e singela epifania pela qual passei no ano passado, por meio de um mamão.

Fui ao supermercado fazer compras e dentre os itens selecionados, escolhi 2 mamões bem bonitos, um mais maduro e o outro mais verde. O maduro foi comido nos dias seguintes e o verde parecia estar apto pro consumo na semana posterior.

Dias se passaram e o mamão continuava verde. Achei aquilo muito estranho e passei a “vigiá-lo”, pra ver ver sua transição até o ponto certo.

Semanas se passaram e o mamão lá, intacto, sem mexer um músculo da cara!

Intrigadíssima com esse fenômeno anti-natural, resolvi abrí-lo, pque estava claro que tinha alguma coisa errada com aquela fruta.
Não deu outra: apesar da casca verde por fora, o mamão estava pôdre por dentro e naquele mesmo instante me veio o pensamento de que, exatamente assim, são algumas pessoas, que apodrecem sem amadurecer!

Adultos imaturos são um pesadelo!
Eles incomodam e causam transtornos por onde passam, pois são egocêntricos, egoístas, ensimesmados, hedonistas, frívolos, volúveis, não estão nem aí para as regras e para o bem da coletividade, fazem o que bem entendem, na hora que querem, mas não podem ser contrariados, confrontados, muito menos repreendidos, porque ficam magoadinhos e dão pití sem a menor cerimônia!

Adulto imaturo é aquele que, no supermercado, vai para a fila do caixa de 20 volumes, mesmo sabendo que o seu carrinho tem mais itens do que esse número e quando é questionado faz escândalo, achando que estão se metendo na sua vida quando, na verdade, ele é que está se metendo na vida dos outros!

Adulto imaturo é aquele que ocupa 2 vagas no estacionamento; que pára em fila dupla ou na vaga de idosos, com a desculpa de que vai ser rapidinho.

Adulto imaturo é aquele que fala alto em restaurante ou outro lugar público, que liga o som do carro no último volume, sem se importar de invadir o espaço alheio.

Adulto imaturo não tem humildade para reconhecer quando está errado e quando os outros apontam, esses é que são os vilões da história! A culpa é sempre do outro!

Todas essas (e muitas outras) atitudes contribuem fortemente para que o convívio em sociedade seja ainda mais difícil, por isso mesmo é que precisamos urgentemente buscar as não-atitudes desse adulto que parou no tempo, porque se recusa a crescer!

Por favor, não seja essa pessoa!

Se você, caro leitor, se encontra na categoria sub-18, tá liberado para cometer seus vacilos e infantilidades, porque esse é o curso natural do ciclo da vida.
Faz parte!

Mas se você é um adulto acima dos 18 anos de idade e insiste em não progredir, mas permanecer no estágio anterior, saiba que o mundo seria um lugar melhor se você deixasse o processo seguir seu fluxo!

Fruta madura é um estado de plenitude; é oferecer ao mundo o que se tem de melhor, portanto, esse é o meu voto de ano novo a todos, a começar por mim!