Quando a tecnologia perde a noção do ridículo

A coisa mais perigosa que existe é dar opinião cedo demais, mas a tentação tá grande.

Pesquisadores alemães criaram o que definem como um “jogo virtual imaginário”.

Já começou mal, se é virtual é imaginário, mas nem é esse o ponto. Além dessa denominação pleonástica, eles também acreditam que estão criando “o futuro dos esportes” e, sinceramente, espero que estejam enganados. Ou pelo menos, muito aquém desse ponto.

Olha o que eles criaram:

basq2

Esses caras com essas placas na cabeça e acelerômetros nas mãos estão jogando basquete.

Um jogo de basquete de mentirinha, sem bola.

Enquanto isso, um computador faz um tracking de cada jogador e narra o jogo “ao vivo”, falando pelas caixas acústicas coisas como “cesta” ou “pra fora”, para os jogadores poderem saber o que está acontecendo.

Assiste:

Agora alguém me conta, pelo amor de Deus, onde isso é melhor do que um jogo de basquete… COM BOLA.

Que coisa triste esse video.

Eles justificam alegando que é possível jogar com “gravidades alteradas”, como se os jogadores estivessem na lua, por exemplo. O que é outra bobagem sem tamanho porque a única coisa que muda é a gravidade dentro do computador , que passa a narrar o jogo de outra forma. Como dá para reparar, as crianças continuam presas aqui na dura realidade da gravidade da Terra mesmo.

Olha o que os alemães falam disso:

“Unfortunately, physical games are limited by the constraints of the real world, restricting their game mechanics to what is physically possible”

Dã.

basq3

“Eu finjo que passo, você finge que recebe, aí você finge que faz uma cesta e a gente finge que comemora!”

Acabamos de ver como um grupinho de moleques pobres no meio da favela, jogando com uma bola de meia, podem ser mais inteligentes que cientistas alemães.

A única coisa que posso imaginar é que isso possa servir para alguma interatividade diferente mais adiante, porque realidade virtual é um assunto sempre bacana. Mas querer convencer que essa coreografia patética aí no video é o futuro, e até um substituto para um esporte de verdade, com uma bola de verdade, sob as leis da física de verdade, aí não dá.

Parece que as vezes tem gente que esquece qual é o equipamento mais sofisticado que temos hoje, aquele que já vem de fábrica, dentro de toda cabeça de todo humano (e dos outros animais também).

Espero que crianças e pais não caiam nessa.

O melhor game disponível hoje, muito mais elaborado que qualquer console, ainda é a velha e boa “realidade real” mesmo, a realidade dos esportes. Nem que seja um futebolzinho no corredor de casa, nada melhor que uma bola de verdade.

Tem que avisar esses alemães que já inventaram isso tudo: chama “faz-de-conta”.

Ou se preferirem um termo mais hype, um “pretending reality games”

Deve ser efeito do Oktoberfest.

 

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