Netflix e a Cauda Longa

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Diferente da indústria cinematográfica padrão, a Netflix dá igual destaque e espaço para os grandes filmes de Hollywood e para títulos mais obscuros, lançados com menos verba e menos repercussão na mídia padrão. Esse é um comportamento previsto por Cris Anderson em 2006 e é conhecido como o modelo da Cauda Longa. A própria Netflix é abordada em diversos momentos na obra de Anderson, porém, na época, ainda como uma locadora online de títulos de DVD.

A cauda longa observada por Anderson consiste em um modelo onde a geração de receita de um negócio não é focada somente em seus grandes sucessos, mas também naqueles trabalhos com menos procura mas que, unidos, formam um grande catálogo e, devido a isso, geram um grande volume de vendas. Podemos usar essa citação de Osterwalder encontrada no trabalho de Garcia e Affini para conceituarmos melhor a cauda longa:

Modelos de negócios de cauda longa são aqueles que buscam vender menos de mais: eles focam em oferecer uma grande quantidade de produtos de nicho, cada um vendendo relativamente sem frequência. As vendas agregadas desses produtos de nicho podem ser tão lucrativas como no modelo tradicional onde um pequeno número de best-sellers representam a maior parte da receita. Modelos de negócios de cauda longa requerem baixos custos com inventário e plataformas fortes para fazer os conteúdos de nicho prontamente disponíveis para os compradores interessados. (OSTERWALDER, 2010 — p. 67 apud GARCIA, Guilherme; AFFINI, Letícia Passos. p. 3)

Notamos um conceito que define a base de negócios da Netflix, onde os filmes ganham espaço não por seu sucesso de bilheteria e sim pela probabilidade calculada pelo sistema de sugestões para que o filme seja do gosto do usuário. E esse conceito só é aplicável à Netflix por ela ser uma plataforma virtual, com baixos custos de armazenamento de produtos, pois, em uma locadora padrão, onde o espaço físico é restrito, jamais seria possível tratar todos os títulos com a mesma importância. Primeiro, porque, quando falamos de um arquivo digital, um mesmo arquivo é acessado por todos aqueles que estiverem consumindo simultaneamente o seu conteúdo, e, em um ambiente físico, para que várias pessoas possam consumir simultaneamente o mesmo título, são necessárias diversas cópias do mesmo. Isso gera uma discussão, pois é inviável tanto economicamente quanto estruturalmente, adquirir múltiplas cópias de todos os filmes no recinto de uma videolocadora, então a decisão mais recomendada do ponto de vista administrativo é justamente a de ter um número de cópias calculado de acordo com o sucesso de cada título.

Outro fator é a facilidade de acesso. Encontrar, em mídia física, um filme de pouco sucesso que foi lançado somente em algum país distante e não tem tradução pode ser um trabalho bastante árduo. Porém, quando falamos de streaming, esse filme pode ser acessado de qualquer parte do mundo e ter seu conteúdo traduzido em algum outro lugar do globo, somente inserindo as legendas no sistema como um segundo arquivo.

Esses fatores e diversos outros foram os que estabeleceram a indústria dos “campeões de venda”, que trouxe muito sucesso financeiro para as empresas. Porém, percebe-se hoje que não explorar os mercados de nicho pode ser um grande erro. Eric Holter

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