Petrônio Corrêa

righi
Morria de medo do Coronel. Fazia estágio na MPM da Rua General Jardim, mais precisamente na sala do Toninho e do Anísio. Estou falando de vinte e seis anos atrás. Naquele tempo, olha que luxo, cada dupla tinha uma sala. E cada sala recebia um jornalzinho xerocado com as notícias da semana. Com os nomes dos funcionários escritos na capa. E todo aquele papel era obviamente reciclado: virava aviãozinho. Disputávamos pra ver quem mandava aviãozinho mais longe, General Jardim abaixo. Ou acima: certa tarde, um golpe de ar alçou o aviãozinho do Anísio, que deus o tenha, do sétimo para o nono andar, onde entrou por uma janela aberta. Minutos depois desce o Seu Petrônio, com seu sotaque gaúcho e cachimbo enfiado na boca, desdobrando o papel e perguntando grosso:

– Quem é Anísio, porra?
Anísio, rubro, levantou um trêmulo dedo. E o Petrônio devolveu o papel:

– Vai fazer aviãozinho bem assim na puta que te pariu.

Foi a primeira vez que eu vi o Coronel. Já era uma lenda. Era o P entre os Ms. Dono da maior agência do país: 900 funcionários, 13 escritórios, e, apesar de gigante, a mais premiada da época, o lugar bacana onde todo mundo queria trabalhar. Bom, depois do aviãozinho eu fiquei lá mais 11 anos e de tocaia observei uma das personalidades mais interessantes e complexas que impressionaram minhas retinas. Não vou repetir o papo que ele é um líder blá blá blá blá da Abap do Cenp e do Conar. O que eu gosto é de lembrar que por trás da aparência durona e da distância regulamentar, ele era um puta paizão pros funcionários. Generoso, quem conviveu com ele sabia e ainda sabe que ali atrás daquele cachimbo bate um baaaaaita coração, tchê. E, cá pra nós, o mais legal de tudo: o velho tem um senso de humor filho da puta. O Coronel sempre foi um avião.

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