O ano era 1980.
Lembro de meu pai, com o seu novo em folha Passat TS cor bege, ouvindo a música “On The Road Again” na voz anasalada e doce de um cantor americano que tem nome de cowboy: Wllie Nelson.
Eu tinha apenas três anos.
“Músico-auto-cara-de-pau-didata”, aos sete/oito anos já tocava (arranhava) essa música no violão e cantava em um inglês de dar vergonha até em mudo (mas eu era uma criança, era bonitinho).
O ano já era o de 1989 e meu pai chegou em casa com um aparelho de CD… CD? Sim, a mais nova tecnologia trazida da Zona Franca de Manaus. Alguém lembra? Do CD? Da Zona Franca?
O meu primeiro CD foi “Stardust” (aclamado por crítica e público). Eu ouvia a faixa “Always on my mind” (logo abaixo), pensando na garota amada (não, ela nunca foi minha):
O fantástico ano de 2000 chegou e, com ele, a minha banda de Country Music. Lá estava Willie Nelson no repertório (sempre no repertório). Porém, a vida foi ficando mais séria e, muita vezes, mais chata. Responsabilidades e tal, mas como em uma benção veio o SXSW.
E, não é que eu e Willie nos encontramos?
“Rodeo All Star Austin 2015”. Eu, com novos e velhos amigos entrando em um brete, com o chão barrento, com bosta de touro e plum!!!
A vida voltou a ser colorida.
Os meus sentimentos mais honestos, o meu coração, receberam um Willie Nelson com mais de 80 anos de categoria, boa música e sorriso aberto. As conexōes foram feitas e re-feitas. Despejou sucessos em um rodeio caseiro, que nos jogou dentro de um road movie qualquer.
Ele cantava, o público respondia, como em um jogral, como se todos tivessem ensaiados. “On the road again”, “Always on my mind”, “Crazy”, “Whiskey River”, “Hey good Luckin” entre outros. Sucessos sulistas, em um show intimista, regional, apaixonante, com direito a Baixo acústico, piano de calda e alguns bluegrass. Músicas que nos levaram direto pra dentro de um celeiro. Só que nesse celeiro vivem: Johnny Cash, Don Gibson, Merle, Buck Owens, Waylon Jennings… todos falecidos… menos Willie. Todos eternos… inclusive Willie.
Inspiração
Nao consigo achar outra palavra pra descrever esse artista. E, talvez, o projeto “Road to Austin” teve seu ponto alto quando gravamos essa música. Ela, de certo, nos inspirou, aqueceu e nos motivou durante esse processo. Nos uniu! Quando Willie a tocou, parecia que era só pra nós. E foi. Duvida? Nosso hino. De letra que resume muito, muitos momentos, de nossas vidas.
Obrigado, Willie, Austin e a quem escreveu o nosso roteiro:
O projeto “Road to Austin” foi produzido, executado e gravado por Paulinho Corcione e Gustavo Giglio.
*A cobertura do Update or Die tem o oferecimento do Santander. Apoio cultural do Twitter Brasil e Apex-Brasil, parceria de conteúdo com a Revista Trip e a produtora Lucha Libre áudio.
POR 
ENG