O Garoto da Bolha

Tem esse filme com o Travolta, que conta a história de um adolescente que por consequência de uma condição médica rara, é obrigado a viver dentro de uma bolha plástica construída pela NASA. O roteiro se baseava no caso real de um menino texano que viveu até os 12 anos dentro de uma bolha plástica sem nunca ter sido, durante esse tempo todo, tocado pelos pais.

A perspectiva de dentro da bolha era ligeiramente diferente do que acontecia fora dela, o bastante para criar confusões enormes.
Fica impossível não fazer uma relação entre a conformidade de assuntos na timeline do Facebook, o perfil de cada usuário daquela rede e a confusão que é um mundo onde todos podem emitir suas opiniões, até certo ponto, sem nenhuma censura ou edição. A tal “Bolha“.

Nem vou discorrer sobre uma possível “bolha social”, isso já foi feito por gente muito (MUITO) mais capaz, mas uma reportagem da BBC sobre Vladan Joler e um projeto do Share Lab chamado “The Human Fabric of the Facebook Pyramid” me surpreendeu ao mostrar o backstage do processamento de toda essa informação. Tem algumas infos que não foram inseridas no estudo, mas que também são relevantes:

. O Facebook subverteu a teoria do Mundo Pequeno de Milgram, aquela que defende que todas as pessoas estão virtualmente conectadas em até no máximo 6 graus de relacionamentos pessoais. Sim… aquela mesma dos seis graus de separação do kevin Bacon. Hoje, por conta desta rede social, são necessárias apenas 3.5 graus de conexões até todas as pessoas estarem virtualmente conectadas entre sí.

Abre parênteses…

Milgram era fodão, também publicou um artigo chamado “Behavioral Study of Obedience no Journal of Abnormal and Social Psychology”, em que estudavacomo pessoas aparentemente saudáveis e socialmente bem-ajustadas puderam cometer assassinato, tortura e outros abusos contra civis durante o Holocausto. O estudo virou o livro Obedience to Authority: An Experimental View em 1974. Virou best-seller instantâneo e roteiro de muitos outros filmes.

Fecha parênteses.

. Nos anos 70, Mark Granovetter desenvolveu uma teoria chamada “Laços Fracos”, em que defendia ser mais eficaz arranjar emprego através da relação com “conhecidos” que com amigos próximos. Comprovada num teste com 17 milhões de laços sociais em 55 países, a teoria segue valendo por conta de um princípio bastante simples: Possuímos mais conhecidos que amigos, e essa capilaridade toda costuma ser mais eficaz para fins profissionais mesmo nas redes sociais.

. O Facebook analisou 12 milhões de perfis e cruzou os dados com informações do Departamento de Saúde Pública da Califórnia pra constatar:
Receber pedidos de amizade está relacionado a uma “vida mais longa”.
Enviar, não.

. Um estudo com 1.3 milhões de usuário do Facebook, considerando principalmente cálculos de dispersão, constatou que é relativamente simples descobrir relacionamentos amorosos entre usuários, mesmo que esta informação não esteja explícita no seu perfil. Isso, sozinho é capaz de gerar modelos preditivos para “adivinhar”, com algum grau de eficácia, a possibilidade de futuros relacionamentos amorosos entre os seus usuários.

. As boas notícias são contagiosas. As más também.
Um estudo com 700.00 pessoas mostrou o óbvio. E nesse caso, até o óbvio esconde perigos: Até que ponto uma rede social poderia alterar os humores de grupos (ou países) inteiros a respeito de assuntos específicos?

Em síntese: Grande parte da evolução humana se deve ao imprevisto de lidar com situações adversas, e estar numa bolha de conformidade não é muito útil nesse sentido.

Fiz a brincadeira e estou conectado, nesses 3.57 graus de separação, às seguintes pessoas:
. Barak Obama,
. Diamandis,
. Bill Gates,
. Ray Kurzweil e
. Steve Wonder.

Sim. Estou orgulhoso de mim.

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