Por que ‘House of Cards’ ficou tão chato?

Eu não sei o porquê (aliás, sei), mas parece que não dá mais para assistir House of Cards. A tão aguardada 5ª temporada, que prometia explorar com destreza os bastidores das últimas semanas antes da ferrenha disputa da eleição presidencial dos Underwood contra Will Conway virou mesmo foi uma enrolação. A temporada inteira virou um vaivém tão chato, mas tão chato, que a primeira vontade é entrar em contato com a Netflix para que tire House of Cards do serviço de streaming e traga de volta o Chaves.

Então. Como se sabe, a presepada toda segue passando na Casa Branca e seus arredores. Mas não poderiam, de quando em vez, dar uma desempoeirada no cenário. Partir para novas aventuras em outros “tão tão distantes”? Os personagens são quase sempre os mesmos durante a temporada inteira (exceto uma novata que se destaca [não saberia dizer o antônimo de destaque, nesse sentido], que falarei mais adiante). Pra resumir fácil, pense naquele omelete delicioso exibido no cardápio da padaria (e você pede), e quando recebe na mesa se dá conta de que é simplesmente um batidão puro de ovos e nada mais? Pois é…

No começo (lá nas primeiras temporadas), o Frank e sua digníssima eram geniais (dizer que não são mais é apenas uma opinião, e claro, pode causar divergência), parceiros, legítimos trapaceiros unidos pelo “amor” e pela sede de poder. Agora não. Parece que a astúcia do Frank se derreteu como uma vela que vai perdendo, aos poucos, o brilho e o calor; a ponto de quase se tornar inútil. Sério: como está esta quinta temporada não creio ser muita ousadia dizer que os Underwood não fariam falta… Juro! Mas sobraria quem? Não sei!

O casal acorda todos os dias com um único objetivo: (re)conquistar o mundo (Casa Branca). Mas não conquistam nem a si mesmos (na verdade isso nunca ocorreu mesmo). E no caso da Claire, pior: porque teria a chance de dar uma salpicada caliente à trama com seu insosso Tom Yates. Ah… e por falar no tal Yates, aquele penduricalho serve para que mesmo? Quando apareceu pela primeira vez, até parecia interessante. Teria cumprido seu papel em dois ou três episódios. Mas depois ficou chato, e agora parece (parecia) que está lá cumprindo papel de exótico vaso chique chinês que foi quebrado e remendado discretamente com aquela cola que cola tudo. Tornou-se vaso chique, quebrado, colado e sem valor.

Eu tinha esperança no Doug. Muitos (talvez) hão de concordar comigo que ele era um dos melhores personagens (talvez até o melhor). Pois é. Era. Além de realizar o trabalho sujo e puxar saco de maneira incondicional, atualmente ele não tem servido para muita coisa. Passou de Seu Madruga (convenhamos que Don Ramón era o melhor) a Senhor Furtado (que foi vivido por José Antônio Mena e Ricardo de Pascual). Agora ele só dá ordens e mesmo assim passa desapercebido o tempo todo.

Para não exagerar no textão, e já finalizando, preciso mencionar apenas mais uma personagem (aquela que falei lá em cima). Na minha opinião (que pode ser contestada), uma que ajudou a séria a se tornar definitivamente um castelo de cartas em ruínas. Ela é uma doce senhorinha. A figurinha nebulosa é interpretada por Patricia Clarkson. Além de ter surgido do além, trouxe na bolsa (chiquérrima), exemplares de cafés de reservas ultra especiais e um remedinho para dor de cabeça que, se ultrapassado na dosagem, dá fim à dor de cabeça e ao corpo associado a ela (ver para crer). A madame tem nas mangas dos luxuosos casacos todas as cartas brancas da jogatina política underwoodiana. Por ter (ao menos ela diz) contatos pra lá de especiais, ela se tornou, na 5ª temporada, como em um passe de mágica, a Senhora número 1 da Casa Branca.

Beau Willimon tem pisado na bola? Não sei o que dizer. Terá 6ª temporada? Lá em casa não!

Imagem: Robin Wright e Kevin Spacey na 5° temporada de House of Cards / Divulgação.

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