A Invenção do Ser Humano e o Fim do Mundo

A Natureza dominou, com suas mais diversas possibilidades, a todos os desafios impostos pelo pálido ponto azul que chamamos de Terra.

“A natureza não faz nada em vão.” – Aristóteles

Depois de bilhões de anos, a Natureza fez a sua jogada mais arriscada.

Ela estava com boas cartas na mão, mas, do outro lado da mesa, tinha alguém com uma inveterada fama de blefar com um tipo de charme, irresistivelmente, malicioso.

Aparentemente, estava tudo bem. O núcleo da Terra tinha sossegado, os mares se organizado e a vida parecia se acomodar de forma natural em seus novos aposentos.

Depois de um longo tempo, o Planeta tinha informações suficientes sobre todas as suas possibilidades. A vida se espalhou e se adaptou por todos os cantos da geografia; das fossas oceânicas aos picos mais gelados; dos trópicos aos árticos.

A Natureza dominou, com suas mais diversas possibilidades, a todos os desafios impostos pelo pálido ponto azul que chamamos de Terra.

Depois de bilhões de anos acumulando dados e informações valiosas, agora ela sabe exatamente como prosperar e evoluir em todas as partes do Planeta.

Mas, ela está silenciosa demais. Solitária.

Sua última tentativa mais ousada tinha sido há 65 milhões de anos e, nessa altura, eram apenas fósseis que, futuramente, viraria combustível.

Ela precisava de algo maior. Mais complexo e com capacidades únicas. Talvez muito mais inteligente que ela mesma. Quem sabe um ser que pensa e sente “emoções”…

Quem sabe, talvez até livre arbítrio?

― Tenho a certeza de que saberá lidar bem com esse poder! ― pensou.

― Sabe de nada, inocente – respondeu o universo, com os olhos esbugalhados do outro lado da mesa.

De acordo com as evidências científicas disponíveis, acredita-se que os primeiros membros do gênero Homo (ao qual pertencemos) surgiram há aproximadamente 2-3 milhões de anos.

Os Homo sapiens anatomicamente modernos, como nós conhecemos hoje, apareceram há cerca de 200.000 anos na África.

No calendário da história do universo, se comprimirmos todos os eventos em apenas 1 ano, o aparecimento do ser humano teria acontecido mais ou menos às 23h59 do dia 31 de dezembro.

Talvez a natureza tenha inventado o ser humano. Talvez ela quisesse ou precisasse expandir suas possibilidades

Trazer à vida uma criação surpreendente, contendo suas origens mais básicas e primitivas, parecia ser um grande risco mas também uma estratégia de sobrevivência.

Sozinha ela não conseguiria sobreviver aos constantes e impiedosos ataques do universo. Cedo ou tarde, ela sabia que seu tempo acabaria e morreria queimada, congelada ou em fragmentos, depois de colidir com algum meteoro.

A única saída era literalmente sair do planeta.

A única solução seria criar alguém que pudesse levar suas sementes para novos planetas, a fim de ter uma chance de viver eternamente. E isso só seria possível com a ajuda de um tipo novo de “semente”.

Então, ela teve uma ideia…

Qualquer pessoa sabe o quanto a Natureza é esperta, inteligente e sagaz. Mas, na mesma proporção é infinitamente frágil.

Uma pequena variação nos elementos que mantém o seu equilíbrio e tudo pode se perder em uma fração de segundos.

Dá até medo de pensar.

Não acredito que existimos por mero acaso. Não importa quem tenho nos criado, seja Brahma, Vishnu, Shiva, Lakshmi, Durga, Javé, Buda, Zeus, Apolo, Júpiter, Minerva, Odin, Thor, Freyja, Loki, Gaia, Pachamama, etc., realmente não importa.

A única verdade palpável é que existe uma “Mãe”, com certidão de nascimento e até teste de DNA. Não dá para discordar de tantas provas.

A Natureza nos quis e aí estamos.

Como filhos que somos, temos feito muitas coisas: umas deploráveis e outras nem tanto.

Se fomos realmente inventados pela Mãe Natureza, depois de bilhões de anos e muitas tentativas, com um tipo invejável e aperfeiçoado de inteligência, talvez tenhamos algum tipo de responsabilidade.

Demoramos quase 4 bilhões de anos para existir nesse planetinha. Somos o resultado de uma infinidade de laboratórios naturais, que combinaram os elementos certos para gerar a criatura perfeita.

Será que a nossa missão é salvar nossas origens da extinção, levando-as seguras pelo universo afora?

Depois de tropeçar na revolução cognitiva e sacar que somos diferentes nesse estranho mundo, precisamos de apenas 200 mil anos para criar as nossas próprias ideias de vida inteligente, mesmo que sejam, aparente e momentaneamente, artificiais.

É tudo muito recente.

Não sabemos se estamos prontos e preparados para esse grande salto. É difícil dizer se realmente estamos no controle de nossas mentes e se o que acumulamos como conhecimento serve de referência para salvar o mundo ou a nós mesmos.

Ainda bebemos água contaminada, poluímos o ar e jogamos bombas uns sobre os outros. Além de negar acesso a itens básicos para pessoas que não se parecem com a gente. Existem analfabetos de todos os tipos e ainda acreditamos que pessoas de gêneros “questionáveis” não têm voz ou, muitas vezes, direito à vida.

Será que ainda faltam 3,8 bilhões de anos para superar isso?

Será que 65 milhões de anos serão suficientes?

Será que com mentes digitais poderemos abreviar esse tempo, e provar que o primitivo e potente desejo, herdado da nossa Mãe Natureza, por mais “inteligência” seja suficiente para nos sensibilizar para o que realmente é importante?

Ao ler o super provocativo texto “O Mistério da Dimensão Digital: Repensando o Controle das Mentes” da Ariane Reisier , comecei a pensar nesse cenário, com lentes e percepções de bilhões de anos atrás.

Estamos no meio de um caos existencial.

Tudo está acontecendo, mas a maioria não está entendendo nada.

A Natureza gastou um tempo colossal para colocar ordem na casa, mas também foi um caos no seu berço mais primitivo. Ela usou esse aprendizado acumulado, criando formas de repassar informações importantes de semente em semente, adaptando-se a cada novo cenário e clima.

Ela venceu usando um tipo de “teimosia inteligente”.

Não sei se estamos preparados para lidar com o tamanho do impacto que vem logo a seguir, nos próximos “5 minutos” da história.

As tecnologias digitais são necessárias e inevitáveis. Mas, vão cobrar um preço muito alto. Acredito que devemos olhar para nossas origens, e aprender com uma jovem senhora que vem se atualizando há alguns bilhões de anos.

Temos medo das Inteligências artificiais nos prejudicarem, por que fizemos exatamente isso com a Natureza. Ela nos criou e nos encheu de possibilidades, e nesses últimos 200 mil anos fizemos mais bagunça do que aprendemos lições importantes.

Agora, que estamos entre a Inteligência Natural e a Inteligência Artificial, podemos somar a nossa e combinar essas três possibilidades, alinhando bilhões de anos a um futuro que pode ser muito melhor.

Estamos olhando para a direção errada quando lamentamos o nascimento das IA’s. Talvez, agora, tenhamos a oportunidade de salvar a maior fonte de inteligência já criada no universo e, com esse aprendizado, ter inteligências artificiais que nos salvem de nossa própria ingenuidade.

Evoluímos rápido demais nesses últimos milênios. Não deu tempo de pegar o ritmo!

É preciso uma pausa e coragem para corrigir a rota, matar um pouco do orgulho e aprender a reciclar ideias, como a nossa Mãe vem nos ensinando como regra básica de sobrevivência.

Ela é a nossa melhor professora e única esperança.

Se a Mãe Natureza, de alguma forma, nos criou, talvez, agora, possamos cumprir a nossa missão e realizar seus maiores sonhos.

Antes de nós, o Cosmos extinguiu muitas tentativas da Natureza. Agora, somos a sua melhor cartada.

Mesmo sabendo que o jogo nunca acaba, chegou a hora de provar que, a despeito do seu malicioso e irresistível charme, o Cosmos vai ter, pelo menos dessa vez, o seu blefe ecoando pelos confins do universo.

Em quem você aposta as suas fichas?

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