Inteligências Pós Artificiais e a Última Pergunta

De algum ponto desconhecido do universo a Curiosidade Humana olha para nós e diz “Eu sou inevitável”.

Enquanto viajava pelo texto “AI X Humans: Who is the best creator?” do meu amigo Felipe Zamana, comecei a pensar em todas as provocações que esse pensador da Criatividade e não resisti à tentação de oferecer uma resposta.

Em ecossistemas tudo é estímulo e tudo precisa ecoar pela estrutura que o compõe.

Zamana comenta, “em ecossistemas criativos, as pessoas aprendem a navegar no seu ambiente, o que lhes permite ser autónomas, num ciclo de autonomia-dependência”. Precisamos de ferramentas de conexão, concretas e abstratas, para justificar ou até mesmo dar sentido à nossa existência.

A linguagem humana é considerada como um tipo de sistema operacional para nossos corpos. Nos comunicamos por excelência, desde crianças, com uma incontrolável sede pode conhecimento. E mesmo que essa predisposição diminua em alguns casos, no geral, o ser humano sempre se alimenta de todas as emoções que nossas mentes conseguem fabricar, através de cada experiência vivida.

As IA’s não são mais “perigosas” que as outras invenções humanas.

Elas vão tomar conta de nossas vidas, tanto quanto as palavras e os números o fizeram, hoje, não somos mais capazes de viver sem eles.

No passado fomos proibidos de ler, impedidos de ter acesso a livros importantes e a muitos conhecimentos que já foram considerados perigosos. As IA’s representam o mesmo fantasma. Uns temem o estrago que pode ocorrer, caso esse poder chegue às mãos das “pessoas erradas”.

Já pensamos isso dos livros há séculos, e, agora, quando estamos prestes a dar mais um salto, nos deparamos com a dúvida sobre nossa capacidade criativa potencializada por uma ferramenta que soa como libertadora para uns e destruidora para outros.

Há cerca de 500 anos começamos a imprimir livros e distribuí-los sem reservas.

Parece que ainda estamos aqui e que muitos avanços aconteceram. O mundo não é mais o mesmo. Muitas liberdades foram conquistadas, muitas mudanças importantes ocorreram desde que o acesso ao conhecimento deixou de ser controlado.

A enxurrada de informações foi tão grande e o avanço da ciência de tal forma grandiosa que nasceu a Internet, e, com ela um jeito de colaborar de forma orgânica tão bela que a Idade da Trevas parecer uma piada sem graça. Quanto foi perdido durante esse tempo sombrio?

A minha capacidade criativa depende do acesso às experiências de outras pessoas.

Quando a sua história chega até mim é criado um evento irreversível; uma reação será necessária: daí a matemática do meu repertório multiplicada à minha disposição de fazer perguntas sobre o fato.

Uma coisa é certa: quanto maior o acesso às informações disponíveis maiores as chances de se criar ecossistemas criativos. Agora, com máquinas nos auxiliando, teremos condições de ampliar a nossa capacidade cognitiva.

As possibilidades são infinitas.

Felipe, quem é mais criativo, nós ou as máquias?

Por enquanto, como diz Antonio Damazio, as IA’s possuem apenas a capacidade de armazenar as receitas de como as coisas são feitas. Elas não conseguem “sentir”, elas apenas “sabem”, e há uma diferença gigantesca aí.

Nascemos equipados com processadores, sistemas de percepção e de armazenagem de dados. Do ponto de vita da natureza, somos completos. Com um sistema operacional pré-instalado, que nos dá a capacidade de perceber, sentir e conhecer o mundo de maneiras incríveis, associando emoções a cada experiência que vivemos.

Por isso sentimos vontade de escrever um poema, de dançar, de gritar, de lançar um livro, de gravar uma música, de postar, comentar e compartilhar.

Uma máquina sabe que isso existe e que são manifestações inerentes ao espírito humano, mas não há nada dentro de seus circuitos capaz de oferecer uma lasquinha que seja da sensação de tristeza, felicidade, nojo, tesão, ódio, indiferença, amor…

Por enquanto, máquinas ainda são estéreis.

Essas emoções ainda são a nossa humana, demasiada condição humana.

Talvez, no futuro, sejamos capazes de dar à luz um ser digital que nos imite, mas, por enquanto, seremos apenas nós os donos da obrigação de contar a história de nós mesmos.

Longe da lógica e da disciplina exigidas para uma máquina funcionar. Como dizia Richard Feynmann, “Estude bastante o que mais lhe interessa da maneira mais indisciplinada, irreverente e original possível”. Não cabemos em equações ou fórmulas matemáticas, e esse talvez seja a nossa vantagem contra qualquer algoritmo digital.

Quem é mais criativo?

Essa será a pergunta máxima, usada como combustível para desenvolver novas inteligências (talvez “Pós Artificiais”, não pós apocalípticas), a fim de não perdemos a energia necessária para continuar existindo.

Afinal, a Curiosidade Humana parece ser inevitável, e nenhuma máquina conseguiu provar o contrário.

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