O lado bom da vida

Formigas, besouros, grilos, lagartas, borboletas, moscas, e uma infinidade de outros seres vivos que povoam um mundo que parece ser mágico.

O quintal de uma criança é como o seu paraíso particular.

A melhor parte de uma casa é aquele espaço onde o sol pode tocar a nossa pele sem nenhum tipo de barreira, onde é possível interagir com o mundo, pelo menos na versão de uma criança de 5 anos.

É naquele lugar que conhecemos outros seres que habitam o planeta, além de nossos pais, irmãos e o cachorro. Formigas, besouros, grilos, lagartas, borboletas, moscas, e uma infinidade de outros seres vivos que povoam um mundo que parece ser mágico.

Lembro de passar horas explorando aquele espaço pequeno que parecia um universo inteiro.

A curiosidade era tão grande que cada pedra parecia um planeta que eu tinha descoberto.

Uma vez, eu estava brincando de Star Wars, sentado em uma caixa de papelão. A minha Millennium Falcon. Eu estava na velocidade da luz, quando ouvi um barulho estranho. Olhei para o lado, mas parecia não ser nada. Continuei minha jornada. Enquanto fazia o som dos motores usando a boca, ouvi o barulho estranho de novo. Eu pensei: Será algum problema na nave?

De repente, olhei para o lado e vi a caixa d’água cair, pois o tronco de sustentação estava podre e não suportou mais o seu peso. Foi uma explosão imensa bem na minha frente. Como minha nave espacial voava com o combustível da imaginação, os freios funcionaram também na velocidade da luz.

Foram apenas alguns segundos, mas eu pude ver toda a minha vida passar diante de meus olhos. O pequeno quintal onde habitavam todos os personagens da minha infância estava inundado. A água entrou na cozinha da minha mãe, de onde ela saiu gritando desesperada, procurando por mim. Como eu tinha ficado em silêncio absoluto por causa da explosão, ela teve dificuldades para me encontrar.

Eram tantas informações para a minha mente infantil que eu só conseguia ficar ali parado, observando toda a tragédia diante de mim. A espaçonave flutuando no ar, enquanto via toda aquela água, destroços e uma mulher desesperada gritando o meu nome.

Quando me encontrou, no canto da parede, dentro de uma caixa de papelão, ela me pegou nos braços e me apertou tão forte que eu senti medo de explodir.

Essa foi mais uma daquelas histórias que quase se tornaram tragédia. Mas, eu gosto de lembrar desse evento. O lugar onde meu paraíso particular parecia ser o lugar mais seguro e interessante, também guardava armadilhas e perigos inimagináveis.

Aprendi naquele dia que é preciso explorar o mundo.

Aprendi que há perigos.

Aprendi que existem pessoas que se importam comigo.

Aprendi também que devo me importar com outras pessoas.

Entendi que podemos e devemos aprender em todas as situações que vivemos, mesmo que estejamos viajando na velocidade da luz.

O lado bom da vida é aquele em que aprendemos que somos a soma de todas as nossas aventuras. A curiosidade é uma espaçonave, e o seu combustível é a nossa imaginação.

Vamos voar?

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