Cannes Lions: premiação ou virou conferência?

Difícil para o Cannes Lions querer ser um funil, quando a valorização dos que estão na boca ou no bico, parece ser a mesma.

Por décadas, para associar sua marca ao nome Cannes Lions dava um trabalhão: era preciso conquistar um premio, que funcionava como certificação de excelência criativa e ajudava na construção de imagem de marca. Hoje, essa associação parece ser apenas uma questão de verba. 

Tudo certo, conferencias usam o modelo desde sempre, com muito apelo e sucesso. Mas são conferencias e não premiações.

Não estaria, portanto, na hora do “Festival de Cannes” se posicionar com mais clareza em relação ao seu propósito? Claro, tem sempre aquele posicionamento do “somos tudo isso”, que abrange, mas também dilui.

Difícil querer ser um funil, quando a exposição e valorização dos que estão na boca ou no bico, parece ser a mesma.

Recentemente o Ad Age publicou um artigo apontando que um novo grupo de “queridinhos da publicidade na internet” estariam aportando seus iates e estendendo suas toalhinhas de praia em Cannes. Amazon, TikTok, Netflix, Apple, Roku… todas estreando participações “oficiais” no festival.

Meta, Google, Pinterest e Spotify já marcam presença por lá há mais tempo e já garantiram seus lugares habituais à beira-mar, que são considerados as principais propriedades de Cannes. A recém-chegada Amazon tem um lugar no Vieux Port de Cannes; o porto também é onde as ad techs ancoram seus iates. No extremo leste do festival, Roku terá uma cabana perto da Pointe Croisette. O TikTok está em uma cabana em frente ao Palais.

Presente aos olhos locais, e não necessariamente porque conquistaram algum premio. O objetivo é o de marcação territorial e a justificativa é o compartilhamento de visões sobre temas vigentes, como Metaverso e impacto de novas normas de privacidade em painéis próprios, festas e quiosques.

O festival que funciona(ou) por décadas como um seleto clube de marcas que se destacavam por conquistar premiações em que a criatividade era o diferencial (e que ainda faz parte do nome oficial do festival), agora parece ajustar, ano após ano, seu propósito. Muito provavelmente por sobrevivencia, já que criatividade, infelizmente, parece ter perdido apelo no cenário atual. Assim, o formato de conferência parece ter mais apelo comercial.

Todas as empresas de tecnologia abordarão assuntos sobre diversidade e inclusão na publicidade e suas economias de criadores. Existem tópicos mais delicados para essas marcas, como a crescente fragilidade da estratégia de se usar apenas os dados como critério e o impacto disso na qualidade do conteúdo circulante, que sofre.

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