Cada vez mais as plataformas mobile estão se tornando um belo espaço de experimentação lúdica, tanto para jogadores como para desenvolvedores. Os smartphones e tablets estão congregando um sem número de ideias antigas em um novo formato ou usando suas telas touch para as mais inusitadas interações.
O game Blackbar acaba caindo como uma luva nesse ambiente. Longe de ser sofisticado em termos de produção, o jogo é uma excelente experiência baseada em textos e alguns pequenos ícones/fotos.
O jogo é uma troca de mensagens entre alguns personagens e uma misteriosa “instituição” em um ambiente distópico. Os textos aparecem censurados e o gameplay consiste em digitar as palavras que faltam para avançar para a próxima mensagem e, dessa maneira, entender o roteiro do jogo que versa sobre aspectos de política, poder e controle. Simples assim.
O game encanta pela narrativa. Tem que estar no clima para jogar, pois muitas vezes é um pouco frustrante não conseguir achar a palavra que melhor completa uma mensagem. É um bom treino de inglês também. Para ficar mais claro, deem uma olhada no vídeo de review com a jogabilidade a seguir:
Criado pela dupla Neven Mrgan e James Moore, Blackbar está disponível para plataforma Apple e Android. É um indie game bastante diferente e certamente vai agradar aqueles que curtem experiências lúdicas diferenciadas.
Este game me lembrou uma ideia bastante enfatizada pelo autor Espen Aarseth em seu livro Cybertext* que é o conceito de “literatura ergódica”. Aarseth (1997, p.1-2) diz que das palavras gregas ergon, que significa “trabalho”, e hodos, que significa “caminho” surge a ideia de ergódico; na literatura ergódica, é preciso um esforço não trivial para que o leitor atravesse o texto, como vimos no exemplo de Blackbar.
*AARSETH, Espen. Cibertext: Perspectives on Ergodic Literature. The Johns Hopkins University Press: Maryland, 1997.
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