Uma singela lista dos meus dez jogos abstratos favoritos

Jogos abstratos geralmente apresentam regras e mecânicas simples e diretas. A frase é meio batida, mas é válida aqui: são jogos fáceis de aprender e difíceis de dominar.

Hoje eu vou falar um pouco sobre um tipo de game que adoro. Seja analógico ou digital, sou fãzaço da modalidade de jogos abstratos. A definição de jogos abstratos pode parecer bastante subjetiva, pois – historicamente – a linha entre o abstrato e o concreto nem sempre é clara; no entanto, vamos tentar trazer alguns aspectos que definem o que é um jogo abstrato.

Jogos abstratos, primeiramente, não possuem temas ou narrativas definidos. Muitas vezes, estes games utilizam elementos geométricos, cores e números para compor uma mecânica. Basicamente, para visualizar esse primeiro ponto, pense em Zombicide e sua ambientação de zumbis lutando contra sobreviventes e Damas que utiliza peças brancas/pretas em um grid quadriculado.

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foco está na interação entre os jogadores e na estratégia

Segundo ponto: os jogos abstratos geralmente apresentam regras e mecânicas simples e diretas. A frase é meio batida, mas é válida aqui: são jogos fáceis de aprender e difíceis de dominar. O foco está na interação entre os jogadores e na estratégia, e não em elementos complexos ou aleatórios. Logo, nessa modalidade de game, o ponto alto é uma formulação estratégica interessante. O clássico Go é um exemplo. O jogo começa com o tabuleiro vazio e – alternando turnos – os jogadores colocam uma peça
branca ou preta nas intersecções do tabuleiro; a partir disso, são milênios de desenvolvimento e estudos de possibilidades estratégicas para conseguir uma vitória que é sempre acirrada.

Não é uma regra, mas componentes e design gráficos minimalistas são fatores comuns nos jogos abstratos. Eu, pelo menos, aprecio – entre tanto outros motivos – games que trazem uma estrutura mínima para o funcionamento e uma elegância de layout com poucos elementos.

O tema “jogos abstratos” suscita algumas discussões acaloradas entre a comunidade de game designers e jogadores. Afinal de conta, não há somente jogos puramente abstratos e jogos puramente temáticos. Existe um meio de caminho que deixa alguns games “levemente” abstratos ou “moderadamente” temáticos. Já acompanhei uma looooonga briga na internet na qual dois sujeitos discutiam se xadrez era um jogo abstrato ou não.

Um dizia que era e o outro falava que o fato de termos figuras de um reino representadas nas peças caracteriza uma temática. Enfim, o que vale é se o jogo te diverte e se você sente que toma decisões significativas enquanto experiencia ele.
Mas, por questões básicas de categorização, resolvi montar uma listinha com meus dez games abstratos do coração. Não há uma ordem de preferência, apenas um rol de boas memórias que tive com esses títulos.

1. YINSH

Esse tranquilamente está no top 10 games da minha vida. YINSCH integra uma série de jogos abstratos do autor alemão Kris Burm chamada GIPF Project. O jogo é para 2 players, um joga com peças brancas e outro as pretas. Cada um recebe cinco anéis da sua cor para colocar em um tabuleiro marcado com linhas que formam intersecções triangulares. A cada rodada deve-se mover um dos anéis e quando isso é feito deixa-se uma peça de “rastro” da sua cor. O objetivo é fazer uma linha com 5 peças da sua cor.
Seria fácil se não fosse um detalhe: sempre que um anel passa em cima das peças, elas viram e mudam de cor.

2. 140

Opa! Quem achou que esse post só ia falar de games de tabuleiro ou cartas se enganou. O game 140 é uma maravilha que eu tive o prazer de jogar em 2015 e, de lá pra cá, acho que já terminei uma meia dúzia de vezes. O título é um plataforma com toques de puzzle que usa a batida eletrônica de fundo para te ajudar a entrar no flow de ritmo e ir percorrendo o cenário. Tem partes ultra difíceis e um visual minimalista que eu acho fantástico. O trailer conta mais:

3. Go

Bom, se algum dia eu estiver com tempo sobrando, gostaria de dedicar – pelo menos – umas duas horas da minha semana para estudar sobre o Go (e quando estiver com dinheiro sobrando, quero comprar um tabuleiro bem-acabado). Falei sobre ele no início do texto. É um jogo milenar que envolve paciência, concentração e muita dedicação para se dominar.

Tem até um romance muito legal sobre o o tema chamado “O mestre de Go” que conta uma história real de uma partida que durou meses e também o documentário “Alpha Go” que mostra como o Google desenvolveu uma IA que derrotou o campeão mundial do jogo.

4. Tetris

Joguei Tetris a primeira vez em 1989 no Game Boy de um primo meu. Não conseguia parar. Tinha meus dez anos de idade na época e fiquei fascinado como algumas peças caindo de cima da tela em um espaço mínimo podiam formar algo tão viciante envolvente. De lá pra cá joguei várias versões, mas a que eu guardo no coração é essa que está no vídeo a seguir. Aliás, se você também curte Tetris, eu recomendo a HQ homônima do autor Box Brown e o filme – também homônimo – da Apple TV para saber mais sobre a incrível história por trás da concepção desse game.

5. Blokus

Bom, já que eu falei de Tetris, é importante falar do Blokus. Blokus é um jogo abstrato de estratégia para 2 a 4 players que foi inventado pelo engenheiro Bernard Tavitian e publicado em 2000 pela empresa Sekkoia Company. A mecânica é muito simples e viciante. Cada jogador tem um número de peças que devem ser colocadas uma a uma no tabuleiro, com um detalhe: as peças só podem ser encaixadas umas nas outras por meio de suas quinas; ou seja, uma hora o espaço vai acabando e ganha o jogador que
tiver menos peças na mão. De certa forma, é um Tetris de mesa.

6. TAMSK

Outro game que integra o GIPF Project do autor Kris Burm. Honestamente, não é um jogo que eu gosto tanto, mas ele merece um lugar nessa lista por usar ampulhetas em seu gameplay. TAMSK trabalha com uma variável bem distinta de outros games abstratos que é uma literal pressão do tempo. Cada player tem que se livrar do maior número possível de anéis pelo tabuleiro, cada vez que mexe uma ampulheta pode deixar um deles em cima do local ocupado. Sempre que você move a ampulheta deve virar a mesma de cabeça pra baixo, pois se uma ampulheta fica sem areia caindo ela está fora do jogo. Ou seja, você tem que ficar gerenciando três ampulhetas o tempo todo para ter como colocar o máximo de anéis nos espaços disponíveis no tabuleiro.

Pra falar a verdade, é um jogo beeeeem esquisito.

7. Húsz

Vale jabá nessa lista? Vale, né? Húsz foi um game que lancei em 2017 pela Lemon Pie games. O jogo, para 2 players, tem uma mecânica de domínio de área muito simples: um jogador rola três D20s e deve escolher dois resultados para colocar suas peças no board. Os números estão dispostos ao redor dos “cantos” do tabuleiro. Ao fechar uma linha, os pontos de cada jogador são contabilizados e quem marcar mais, ganha o jogo.

O número 20 é o grande coringa do game e esse resultado permite que um dado seja colocado em qualquer canto. Costumo ser bem crítico com o meu trampo, mas esse título eu realmente gosto e tem a arte sensacional do meu amigo Rodrigo Snow Cotellessa.

Post capricho abstrato05

8. 2048

Esse é famoso e dominou smartphones de milhões de pessoas pelo mundo. Números e cores, junte 2 com 2 e forme um 4. Um 4 com 4 dá 8 e, conforme os blocos vão aparecendo, vá tentando combinar pares até chegar em 2048. É simples e inspirou uma cacetada de outros jogos. Era meu preenchedor de tempo enquanto eu esperava o elevador para sair para trabalhar.

9. No thanks!

Tem que ter card game nessa lista! Nesse aqui, cada jogador tem fichas de aposta. A cada rodada cartas numeradas de 3 a 36 são colocadas no meio da mesa. O jogador pode pegar ou passar (e precisa falar “No, thanks”). Quando um jogador passa, paga uma ficha de aposta; quando um jogador pega a carta pega todas as fichas em cima dele, isso se dá porque todas as cartas são pontuadas negativamente no final do jogo, então você tem que ficar com a mão com muitas fichas para “anular” esse fato. Montar
sequências de números é essencial, pois você só pontua negativamente o menor valor delas.

10. Stratopolis

Esse tem um manual de meia página e rende boas partidas. Joga-se em 2 players (vermelhos x verdes) e cada um possui um set de peças em “L” para montar o grid na mesa. As peças dos jogadores possuem as cores do oponente em menor quantidade.

Há uma peça inicial e só há duas regras de colocação: 1) você pode colocar uma peça encostando em outra desde que as cores não sejam iguais; 2) você pode sobrepor peças da mesma cor ou com a cor neutra (preta). A ideia é fazer a maior área com a sua cor. No final você pega a maior área que conseguiu formar e multiplica pela altura de peças que se sobrepuseram. Lindo!

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