Kassaei: “criamos porcarias que não servem para ninguém”

amir 2testeiraCannesMuito por conta dos ótimos resultados brasileiros no último dia do Cannes Lions, com o GP em Film e a série de leões em Film Craft, o painel de Amir Kassaei, chief creative officer da DDB Worldwide, ficou meio de escanteio por aqui (infelizmente). A matéria no Propmark sobre a apresentação do criativo, escrita pela jornalista Claudia Penteado, já havia me chamado a atenção. Hoje, minha timeline está repleta de fotos da inauguração da ciclovia na Avenida Paulista e de compartilhamentos da matéria “O iraniano que implodiu Cannes Lions e a indústria dos prêmios“, da revista portuguesa Meios&Publicidade – e que sempre realiza ótimas coberturas do festival.

Como não estive in loco no Debussy para ver a apresentação de Kassaei, ficamos com os relatos dos jornalistas. E ficamos felizes que, finalmente, alguém tenha subido ao palco para falar a verdade. Não dá pra gente dizer que o Festival de Cannes não é extremamente importante para a publicidade mundial, que sim, é uma competição para ver quem ganha mais prêmios e que é muito bacana, agora, a organização ter tentando se modernizar (com a criação do Innovation Lions e com a presença, cada vez maior, de celebridades). Mas também não podemos fazer de conta que não ficamos extremamente #xatiados quando vemos a quantidade de fantasmas entre os cases brasileiros e os trabalhos “do bem” criados apenas para trazer um troféuzinho para casa.

Kassaei, então, foi direto e reto: “estamos aqui para nos enganarmos ao premiar coisas que não têm qualquer ligação com a realidade. Estamos discutindo social media, conectividade, e nada desta merda importa”. Duro? Sim. Verdadeiro? Também. “Peguem a ideia mais inovadora que viram aqui esta semana e a mostrem para alguém fora do Palais. Mostrem às pessoas reais e vão ver se essa pessoa se importa com isso”.

Fiz isso com o case “3 Words to Adress The World“, que ganhou o GP em Innovation e que havia achado bem bacana. O projeto é um sistema de endereçamento universal baseado em uma grade de 3m por 3m. Segundo a organização What3Words, cada um dos 57 trilhões de quadrados deste tamanho no mundo foi prealocado com um endereço exclusivo e fixo de 3 palavras. O geocodificador transforma coordenadas geográficas nesses endereços de 3 palavras e vice-versa. A primeira pergunta foi direta: “Mas pra que? Se essas pessoas não têm água, elas terão um smartphone como? E grande coisa, se já tem latitude, longitude. É mais uma curiosidade bacana do que algo que vá fazer bem pra alguém”. É. O assunto acabou aí.

Mas o criativo da DDB foi mais longe. “A razão para entrar nesta indústria não era querer ser famoso, ganhar prêmios. Era estar com pessoas fantásticas e ajudar a resolver problemas das marcas para melhorar a vida das pessoas. Precisamos recuperar a relevância, e de fato trabalhar para melhorar a vida das pessoas. Mas estamos mais cínicos e negativos. Ou reconduzimos os nossos valores e os recuperamos, ou morremos”.

Quem sabe em 2016 não consigamos mudar um pouco essa percepção? Primeira lição: criar algo que realmente seja relevante para alguém. Vamos lá.

ATUALIZAÇÃO – 29/06, 21h12
Acabei de encontrar um link com a apresentação de Kassaei no YouTube do portal MarketingDirecto (vi no Twitter do Sergio Mugnaini, da Loducca). Para quem quiser, está na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=3h6-OSfG_K4&feature=youtu.be

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