A tecnologia que redesenha a natureza

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Depois de um dia inteiro de palestras, faço meu balanço do primeiro dia. Definitivamente o SXSW vale no long tail. A graça está nos pequenos que te surpreendem, nos pontos de vista únicos sobre as coisas. “Keep Austin weird” (vamos manter Austin estranha) é um lema local que vale para o festival. Então, aqui segue a dica: se você trabalha com comunicação e marcas, não vá à palestras de branding, não favorite sessões que falam do futuro do conteúdo x propaganda (eu mesma tive uma recaída e me arrependi). Boas chances de você saber tanto quanto os caras. Tem festivais melhores para isso.

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Dr. Van Mensvoort

 

Hoje, no meu long tail, extremamente pessoal, vou falar de um assunto que me chamou a atenção, de tão simples que é. Um certo Dr. Van Mensvoort, da Next Nature Network, disse que um dia a tecnologia será tão natural que se confundirá ou substituirá a própria natureza do mundo. Estamos em uma época em que o “nascido” e o “produzido” pelo homem se fundem. Na prática, hoje se “produz” mais coisas do que as coisas “nascem” naturalmente. Pergunta dele no meio da palestra: qual é a coisa mais natural que existe dentro de todas estas salas do evento? Sim, vocês. O resto tudo foi feito pelo homem. O que produzimos virou parte tão óbvia do ambiente que já já isso será nossa própria natureza (momento de pausa, pode reler se quiser).

As 7 fases da tecnologia

 

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O doutor parte, então, para uma pirâmide (planejadores adoram pirâmides, imagine esta de baixo para cima), em que ele classifica 7 fases da tecnologia.

A primeira fase, mais básica, é a da visão, ou seja, acreditar que aquilo pode ser possível; em seguida, vem a fase operacional, de fazer a coisa funcionar, parar em pé mesmo; em terceiro lugar, a fase da aplicabilidade, ou seja, torná-la disponível e acessível para as massas; em quarto lugar, a fase da aceitação por parte das pessoas.  Ele menciona a Apple, os smartphones e TVs interativas como exemplo positivo de aceitação e a tecnologia nuclear como exemplo de tecnologia não aprovada pelas pessoas em geral. A partir daí as fases ficam mais intrigantes. A quinta fase é ela tornar-se vital, ou seja, você não consegue viver mais sem. Preciso mencionar a Internet? O wi-fi? Não se vive mais sem. A sexta fase da tecnologia é quando ela se torna invisível. O alfabeto ou os relógios. São criações tão enraizadas que a gente usa sem perceber. E, finalmente chegamos às tecnologias naturalizadas, em que você não as distingue mais da natureza “de verdade”. Ele tentou dar um exemplo para sua própria teoria, mas acabou se perdendo, pobrezinho. Coisas de Austin.

1516464418c9a75c0bff4b4df8228539abe786da_mMas o pensamento é bom e o ponto importante que ele fez é que as empresas dedicam muito tempo, energia e dinheiro até a fase da aplicabilidade e aceitação e se esquecem de pensar na parte mais importante e com maior potencial transformador da história, que é torná-la vital, invisível e naturalizada na vida das pessoas. Fiquei pensando em marcas que tem esta ambição eu diria que a Apple e o Google buscam caminho. Ambos tem a grande ambição “redesenhar” a natureza das coisas. O Google usa uma expressão boa para isso, algo como toothbrush projects, projetos tipo escova de dente, em que você incorpora na sua rotina e não vive mais sem.

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Fica, então, um ponto para pensar, sobre em que fase de tecnologia está sua marca, empresa ou os serviços que você oferece. Como eles têm participado da vida das pessoas? Seus projetos são vitais ou claramente dispensáveis? Eles tem potencial de transformar a nova natureza das coisas? Jogue sua ambição lá no 7o andar da pirâmide e não pare no meio do caminho, meu amigo. Não morra na praia tendo gastado tempo e dinheiro. O negócio é pensar grande. Tornar a tecnologia parte da nossa futura “natureza” não é coisa para amadores.

*A cobertura do Update or Die tem o oferecimento do Santander. Apoio cultural do Twitter Brasil e Apex-Brasil, parceria de conteúdo com a Revista Trip e a produtora de áudio Luchalibre.

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