O lado humano, deprimente, medíocre e cruel da vulnerabilidade

A vulnerabilidade é ruim ou pode ser boa? Me diga você!

Uma terça qualquer de outubro de 2020.

Eu ainda não sei, mas estou perto de passar por uma experiência que trará dores, cura e crescimento.

Ela, Tania Mujica, não faz ideia do poder que causará em mim.

Era pra ser mais uma aula on-line de um curso sobre Liderança da hypada Perestroika.

Chego de boa na aula e saio dela com um puta desconforto.

O conteúdo da aula Um acontecimento durante a aula me fez acessar um lugar obscuro. Me dou conta apenas no dia seguinte.

Durante a aula, que Tania trouxe justamente a importância de se conectar com o outro ou com a outra e não julgar; de entender sobre sentimentos bons e ruins; de praticar a escuta ativa; eu faço exatamente tudo ao contrário.

Como a aula teve uma intervenção de uma de minhas colegas de classe, a minha reação foi imediata. Perdi o foco. Me distanciei e comecei a julgar.

Não consegui sair desse buraco. Perdi a história de vida de Tania que me parece bem maluca, dessas de ficção policial, fiquei com bode da minha colega – que eu não conheço e nunca a tinha percebido nas aulas anteriores, e fiquei com uma puta raiva de mim de justamente estar descumprindo o meu único pedido de Ano-Novo. Aquele que fiz em dezembro passado: “não julgue os outros”.

Aproveitei a emoção pra dizer como me senti. E numa tentativa de autopiedade, me despi pra Tania contando exatamente o que tinha rolado. Não com detalhes, mas creio que deu a entender. E entre choro e palavras, pedi desculpas. E ao pedir desculpas e mesmo tremendo e com o coração a milhão, entendi que acabara de expor ali, para cerca de 40 pessoas, a minha vulnerabilidade, o meu lado humano deprimente, medíocre e cruel.

Dormi mal. Acordei cansada. Uma pessoa se solidarizou com minha obscuridade. Agradeci. Recusei ajuda. Gravei vídeo e não mandei no grupo. O dia foi passando e a dor foi se aquietando. Então entendi que ao acessar um lado meu obscuro e encará-lo sem dó ou piedade, creio que começo a entrar num processo de cura. E onde tem cura, deve ter crescimento. Onde tem crescimento, espero que hajam melhorias. 

E se eu me tornar uma pessoa melhor. Eu melhoro meu entorno. Tania, uma artista, uma estátua viva, uma mulher que eu mal tenho contato, me trouxe um dos aprendizados mais fodas deste 2020. Me inscrevi num curso dela de autoconhecimento.

Então me dou conta de um questionamento: a vulnerabilidade é ruim ou pode ser boa? Me diga você! 

Luli Liebert é jornalista, diretora executiva na Lado C e interessada nas conexões humanas.

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