Como os vocaloids podem mudar o mundo da música?

Talvez o título da matéria seja exagerado. Ou, quem sabe, pode representar uma triste possibilidade.

Você já ouviu falar do Vocaloid? Trata-se de um software de sintetização de voz produzido por uma universidade espanhola em conjunto com a empresa Yamaha, que basicamente custeou o projeto. O princípio do Vocaloid é simples: o usuário cria uma melodia, uma letra, e une os dois para criar uma canção. Em outras palavras, o público pode assumir o papel de produtor.

A ideia do projeto é interessante. Temos muitos músicos anônimos com ótimas ideias, e um programa como esse talvez seja justamente o que eles precisam para conseguirem espaço, certo?

Não é bem assim.

O nome Hatsune Miku soa familiar para alguém? Para quem ainda não a conhece, trata-se de um desdobramento do software Vocaloid, produzido pela Crypton Future Media. Destinada para músicos profissionais, Hatsune Miku é um holograma que interpreta as músicas produzidas e escritas por terceiros.

A ideia continua bacana, não é? Logo, por que Hatsune Miku representa uma triste possibilidade?

A “cantora” tem sido divulgada intensamente desde 2008 e conseguiu a proeza de, por quase um mês, abrir shows da turnê mundial de Lady Gaga. Mais do que isso, Hatsune Miku já fez turnês pelo Japão e pelos Estados Unidos.

Inclusive, a vocaloid tem uma turnê agendada para 2016 na América do Norte, que passará pelos três países do continente e dez cidades diferentes. Duvida? Então clica aqui e se assuste junto comigo.

Ficou curioso para saber como é um show da Hatsune Miku? Veja o vídeo abaixo.

A música é bem contagiante, não? E a casa de shows está lotada de gente… de pessoas reais que estão assistindo um show de uma cantora holograficamente projetada. Tudo muito legal, tudo muito bacana. Comercialmente falando, Hatsune Miku tem tudo para ser um sucesso – e é aí que mora o perigo. Um projeto como o de Hatsune Miku mostra que, cada vez mais, a música será tratada apenas como um produto a ser vendido. Obviamente, a “cantora” não possui exigências, anseios artísticos ou até mesmo um salário, além de ser a funcionária perfeita, pois é programada para fazer exatamente o que é lhe ordenado.

É estranho ver os livros de ficção científica adquirindo um tom premonitório, não? Vale lembrar que William Gibson já falava sobre essa realidade na década de 90, com o livro Idoru. Será que, daqui dez anos, as bandas preferidas de nossos filhos serão produzidas da mesma maneira que produzem Hatsune Miku?

Até lá, vamos cantando todos juntos ♪ “Sekai de ichiban ohime-sama” ♫

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