O dilema do perdedor

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apontar culpado intencionalmente maquiavélico é reducionismo mental ímpar

Nos últimos dias opiniões, reportagens, vídeos e todos outros tipos de informações voltaram-se contra a China, por conta do COVID19, claro. Ninguém está apreciando o que estamos passando, é terrível, duro, imprevisível, mas daí para apontar um culpado e pior, um culpado intencionalmente maquiavélico, é um reducionismo mental ímpar.

Desde a década de 80 que o termo tigres asiáticos nos mostrava que havia um movimento forte mercadológico no oriente, na frente ia o Japão, seguido da Coreia do Sul, China, Malásia, Singapura, Taiwan e Hong Kong (Faltou algum tigre? Lembrem-me nos comentários, por favor). Desde lá foram 40 anos de trabalho duro, disciplinado, sistemático e principalmente planejado a longo prazo (coisa que o ocidente decretou a extinção há muito tempo, onde só se planeja para um mandato político).

É claro que o COVID19 pode ter sido libertado de um bicho peçonhento qualquer por conta dos hábitos alimentares dos chineses, mas sugerir que isto é uma estratégia de dominação mundial é algo totalmente incoerente, o que a China tem a ganhar com isto?

Desde 2012 que a China é a maior potência do planeta, só não é oficialmente porque todos os dados que o ocidente usa para a atribuição desta posição não estão disponíveis, e se por acaso isto é intencional, não dá para perceber nenhum mal nisso. Então, como principal potência mundial, qual seria o interesse em ser mal vista?

O que se ganharia com uma má imagem perante o resto do mundo? Só um louco acharia que valeria a pena seguir este caminho e me parece que o conselho dos anciões chineses não tem este perfil.

As milhares de teorias recentes contra a China só mostram uma coisa, inveja. O resto do mundo aderiu a esquemas furados, bolhas financeiras, mentiras políticas, excesso de foco no petróleo (e vejam só que ironia, em pouco tempo ninguém quererá saber disso). Os chineses deram um baile no mundo todo, cresceram assustadoramente, copiaram os acertos americanos e criaram novas possibilidades quando viam que eles erravam, hoje eles estão na frente, na liderança. Repito, qual a vantagem do líder “tentar matar” seus liderados? Há ideia mais descabida que esta?

É importante salientar que a China não está se tornando líder, apenas está retomando uma liderança que durou mais de 18 séculos, apenas nos séculos 19 e 20 é que isso migrou para a Europa e depois para os EUA. Então, quem tem mais experiência em liderança global? Muitos podem achar que esta opinião é subserviente, mas sou apenas um cidadão global e globalizado que observa todo este movimento há 40 anos, não é nada difícil ver a realidade, desde que nos despojemos dos sentimentos e sejamos racionais.

Diante de tudo isso, qual é o verdadeiro perigo que corremos? É o que dá nome a este artigo, o dilema do perdedor, aquele que não suporta ver o sucesso merecido dos esforçados, quer os louros da vitória de modo fácil e na maioria das vezes antiéticos. Este dilema pode gerar, para além desta massa de informações que invade as redes sociais e meios de comunicação, movimentos violentos, indesejáveis, irracionais.

O tal discurso de ódio, termo que está na moda, deve ser ignorado ou ridicularizado, até o momento que os perdedores percebam que isso não leva a nada, que as artimanhas que enganaram o mundo por dois séculos serão descortinadas, que hoje os jovens não são alienados como os jovens de 1968, que o lixo informacional é gigantesco, mas são os jovens que têm os filtros corretos para não cometerem os mesmos erros que seus avós e pais cometeram nas duas últimas gerações.

Muitos argumentarão que a massa humana é burra e manejável, a China, com quase 1,4 bilhão de habitantes, tem a maior massa do planeta e eles não foram nada burros nas últimas 4 décadas.

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