Ruptura é doce, mas não é mole!

Somos a mesma pessoa o tempo todo?

Em cada espaço onde estamos vivemos um personagem diferente, baseado em uma versão original que acreditamos existir.

No trabalho somos um. Na igreja outro. Com os amigos, alguém diferente. Junto do namorado ou com a esposa, uma nova máscara nos cai bem. Durante as reuniões com clientes é de bom tom ter esse ou aquele comportamento. Quando juntamos a família toda, naqueles ensolarados dias, é melhor engolir em seco para evitar uma tragédia.

Por que precisamos ou queremos ser sempre alguém diferente de quem realmente somos?

Vamos imaginar apenas os dois cenários mais comuns na vida da maioria das pessoas.

Quase sempre somos uma pessoa em casa e outra bem diferente no trabalho.

Fazemos escolhas para evitar misturar esses dois ambientes.

A nossa vida pessoal não pode se misturar com a profissional por algum motivo. E defendemos isso com unhas e dentes.

Saímos todos os dias pela manha e voltamos a noite, cansados e exaustos, de um lugar onde passamos a maior parte do tempo, a fim de ganhar um dinheiro que vai sustentar a outra grande parte das nossas vidas.

No entanto, evitamos ao máximo misturar esses dois universos.

Parece que na chegada ao trabalho viramos uma chavinha que nos desliga da vida anterior para imergir em um mundo que não pode receber informações do mundo externo.

No fim do dia, fazemos a mesma coisa, a fim de manter tudo o que acontece no trabalho restrito às paredes daquele lugar.

Por que?

Claro que essa não é uma regra, mas essa situação aflige uma maioria massiva das pessoas.

Independente de sair fisicamente de casa, ainda mantemos essa distância mesmo com as câmeras ligadas em reuniões remotas.

Acredito que é saudável proteger sim informações importantes de cada espaço onde convivemos.

Mas, também acredito que o absurdo absolutismo de não permitir nenhuma mistura mínima desses dois mundos pode ser prejudicial à nossa saúde mental e, consequentemente, à nossa criatividade.

Se a minha realidade pessoal não é, de alguma forma, bem-vinda em meu local de trabalho, minhas emoções podem se fechar a ponto de prejudicar a minha produtividade.

A liberdade de poder compartilhar dores e alegrias com meus colegas de trabalho, sem medo de julgamentos e a certeza de que minhas experiências podem ser úteis, permite que eu seja um profissional humanamente mais pleno.

E o caminho contrário também é saudável.

As experiências do trabalho e de casa podem e devem, na medida certa, ser intercambiadas, a fim de servir como referências positivas de convivência e aprendizado.

Quebrar essas barreiras e romper com os limites entre trabalho e casa pode oferecer importante energia humanizada aos dois espaços.

Esses são lugares onde vivemos tantas experiências e onde criamos nossas histórias diárias. É preciso dar uma chance para que eles se misturem um pouco mais e se tornem complementos um do outro.

A seriedade do trabalho, exigida há tempos passados, não tem mais validade. Todo o peso de exigências fictícias acabou por tornar as pessoas amarguradas, estressadas e deprimidas.

Ninguém quer levar para casa esses sentimentos.

Ninguém quer contaminar seus lares com o esse peso.

E o contrário também é verdadeiro.

Existem lares que não são nenhum mar de rosas, e algumas pessoas só encontram algum alívio quando estão no trabalho.

A criatividade nossa de cada dia não acontece como em um passe de mágica.

Ninguém é criativo gratuitamente. Somos reféns de nossas emoções.

Nunca vou conseguir ser eficiente se não consigo falar de minhas dificuldades pessoais com as pessoas com quem passo a maior parte do meu tempo.

No trabalho, a exigência por resultados e inovação cai sobre nós como chuva ácida, queimando nossos olhos quase que literalmente. É impossível dar à luz a ideias originais sem um mínimo de calor humano.

A ruptura necessária deve ser uma reversão nessa cultura.

Quando a história pessoal de cada membro da equipe for importante ao ponto de interferir na história da empresa teremos mais engajamento e um poder criativo inimaginável.

Quando trabalhamos apenas por dinheiro, perdemos grandes oportunidades de ser originais.

Empresas que encaram e abraçam o desafio de se transformar em um espaço de convivência plena, onde todos são realmente importantes, poderão ver o resultado de sacrifícios feitos apenas quando estamos em família.

Quando o sentimento e o afeto uns pelos outros ultrapassam fronteiras invisíveis, não medimos esforços para resolver todo e qualquer tipo de problema.

Não há limites.

As redes sociais fazem tanto sucesso porque seres humanos adoram falar de suas ideias, comentar e compartilhar. Imagine uma empresa que entenda, permita, facilite e administre esse talento humano com inteligência.

Pessoas amam dar opiniões. Esse é um dos nossos poderes humanos definidores de nosso sucesso como seres vivos em um planeta inóspito. Mesmo com corpinhos frágeis conseguimos sobreviver nesse lugar perigoso porque trocamos ideias uns com os outros e colaboramos para vencer desafios.

Está em nosso DNA biológico e precisa estar no DNA corporativo de qualquer empresa.

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