O Fim das Cantadas

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(post enviado pelo leitor Tiago Souza)

Sim, sempre pode piorar.

Ao mesmo tempo em que o “amor” é visto como um mercado disponível em aplicativos e matchmakers, leis contra o que conhecemos como “cantada” começam a surgir no ocidente. Neste 1º de junho de 2015, a Bélgica completou seu primeiro ano após a vigência da lei que proíbe homens a tentarem seduzir mulheres em vias públicas e também nas redes sociais. Não encontrei dados estatísticos sobre quantos Don Juans foram presos (pena de até 1 ano) ou tiveram que pagar uma multa que varia entre 50 e 1000 euros, mas isso não interessa ao texto.

Antes que alguém me processe ou me chame de machista (infelizmente o mundo “liberal pós-moderno” pede uma explicação dessas), quero dizer que sou totalmente contra assédio, perseguição, violência e abusos tanto na esfera sexual quanto em outras esferas, e se não houver leis (e cumprimentos) elas devem ser criadas ou aperfeiçoadas em seus devidos estados.

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Voltando ao tema, a moda chegou à América do Sul. Agora os argentinos iniciaram um debate para conter os “xavequeiros” da capital do Tango. No Brasil, o desenvolvimento do tema parece mais voltado ao abuso do que a “cantada” em si, onde já foi criado um grupo com site e perfil no Facebook chamado “Chega de Fiu Fiu”, que através das novas tecnologias, terceiros ou “vítimas” podem mapear onde ocorreram abusos e denunciar através de telefones exclusivos ou pelo próprio site/perfil.

Vejo muitas mulheres reclamando que os homens estão mais frouxos, se escondendo atrás do Tinder e sem coragem de encarar e iniciar um bom papo ao vivo ou até mesmo um relacionamento. Com a subjetividade dessa lei, e a incerteza da reação sobre aquela que o homem está afim, de que forma essas mesmas mulheres querem criar “machos alfas”? Não dá para exigir! Sem contar que pode haver má fé por parte de algumas mulheres e plantarem um processo. Nos EUA, por exemplo, muitos homens não entram em um elevador sozinho com uma mulher por esse mesmo motivo. Lá só troca-se o nome “lei do fiu-fiu” por “danos morais”.

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“How To Kiss” – LIFE Magazine 1957

Eu, por exemplo, caso encontrasse a minha namorada na Avenida Paulista e sentisse o que eu senti quando a vi pela primeira vez, correria o risco do xadrez e da multa, o que pode sair mais barato do que um relacionamento. Nem por isso a desrespeitaria ou faria algo que ela não quisesse. Brincadeiras à parte, mas em um mundo onde todos têm de ser iguais, como ficam os homens nessa? Vão processar uma mulher se elas o chamarem de “gostoso” e ele se sentir ofendido?

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Lest You Forget Kiss Card (1942)

Muitas matérias mostram o descontentamento de mulheres (e homens) na Bélgica a respeito da decisão. Mesmo valendo a lei somente para espaços públicos e on-line, será que o medo não é transferido para os espaços privados e casas exclusivas para o flerte serão criadas em prol dos últimos sobreviventes que querem conhecer uma mulher do modo tradicional? Será que cada vez mais homens só irão conversar com uma mulher com aquela certeza absoluta do sim? Será que homens irão conversar com as mulheres caso a moda pegue? Será que toda a espontaneidade que o acaso traz será perdida em detrimento de um processo na cabeça?

Muitos acontecimentos já respondem a essa pergunta, agora vale cada um se perguntar se não seria incrível ter alguém que corresse o risco de ser preso por nós.

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