Cannes 2025: o fantasma do futuro

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Amigos publicitários, envio esta mensagem de 2025, diretamente do Cannes Lions, o Festival de Criatividade Publicitária Interativa Gamer 3D Wearable (não se assustem, o nome mudou para angariar novos públicos). Achei importante enviar este texto e dizer: o futuro não aceita bobagens.

Redijo estas palavras no meu MacBook Vintage 2011, enquanto tomo minha água Facebook e saboreio um croissant Amazon num dos bares da La Croisette (cerveja é proibida em 2025).

O mundo está diferente e o Festival também. Lembro quando o pessoal de 2015 reclamava: “Mas isso foi feito para Cannes. Foi veiculado?” ou “Oferecendo campanha pra ONG fica fácil”. Amigos, isso mudou. E mudou muito. O break não existe mais, agora as grandes corporações atingem consumidores por meio de produção de conteúdo próprio. Ainda há quem aposte em anúncios invasivos, mas são minoria.

A Netflix – que agora cobra R$ 40/mês – criou uma nova modalidade de série. Encabeçada pelo Nobel de literatura (!) PJ Pereira, a área, criada em 2018, produz tramas ligadas às marcas. A Airbnb inaugurou o departamento com o seriado “Minha casa, minha renda”, estrelado por Dwayne “The Rock” Johnson (ele é uma grande estrela em 2025, ganhou até Oscar).

A HBO também apostou nas séries patrocinadas e lançou, em parceria com a Apple, “Steve Jobs – The Real Thing”, estrelada por Daniel Radcliffe e que ganhou vários Leões (o filme do Fassbender foi um fracasso, sorry).

Falando em Leão, as categorias aumentaram e o preço das inscrições também. Prepare o bolso. Entretanto, o mais alarmante é o seguinte: o Brasil perdeu relevância. O planejamento econômico do presidente Bolsonaro não agrada e o País vai mal das pernas.

Agências como DPZ&T&NZ (sim, é isso mesmo que você está pensando) conseguem sobreviver com muito esforço. O “fazer campanha pra ganhar Leão” não funciona mais.

Lembram daquilo que o Jared Leto disse no Cannes Lions de 2014? “Tell the truth and make my life more entertaining, better or richer – or leave me the fuck alone”. Pois é, o melhor Coringa que o cinema já viu (aguardem) previu tudo.

A relação Agência x BV também mudou. A TV aberta perdeu força. Rede TV! e Gazeta foram substituídas por canais do Malafaia e Valdemiro, respectivamente. Tem muito cliente no Brasil dispensando agência. “Não vejo necessidade”, dizem. “Faço tudo internamente”, declaram.

Os criativos brasileiros migraram de vez para Europa e Estados Unidos. Os maiores nomes estão por lá.

Se posso dar uma dica diretamente de 2025 é a seguinte: mudar isso depende de vocês aí de 2015. Ou o futuro será um fantasma bem mais duradouro que algumas campanhas inscritas no Cannes Lions.

PS: Game of Thrones está na 15º temporada e George R.R. Martin não sabe quando irá terminar a série de livros.

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