Sabe de nada, inocente

[su_heading size=”24″ align=”left” margin=”0″]Lembre-se que um dia, o menino da vending machine pode ser você. E quando isso acontecer, aceitar e aprender talvez seja o melhor dos caminhos.[/su_heading]

Lá estava eu. Em plena sexta-feira à noite, passando pelas catracas do metrô a caminho de casa.

Como de costume, precisou de segundos para me ver frente a frente com ela. No mesmo horário, no mesmo lugar. Praticamente um encontro marcado.

Estou falando dela, a vending machine da estação Brigadeiro do metrô. Aquela lojinha incrível de salgadinhos, chocolates e outras coisas responsáveis pela alegria de muita gente.

Comprei a dose permitida do dia e enconstei em um canto para esperar meu outro amor.

Não demorou para que mais pessoas fizessem o mesmo ritual: comprar o bilhete, guardar o troco, passar a catraca, dar de frente com a máquina, lembrar dos trocados perdidos no bolso e comprar a dose permitida do dia. Uma porrada de gente faz isso. Impressionante.

Fiquei por ali uns 15 minutos brincando de adivinhar a escolha de cada um. É clichê, mas de fato, chocolates saem mais para as mulheres. Mas isso é outro papo, não importa. Interessante mesmo foi observar o comportamento de um menino de uns 5 anos diante aquele ser grande e atraente.

Ele nunca tinha visto uma. Foi amor a primeira vista. Ele queria que ela fosse sua melhor amiga, quem sabe sua namoradinha. Ele a observava, estava encantado com aquele conteúdo. Apertava todos os botões. Pulava pra ver o que tinha lá em cima. Abria a portinha de baixo. Ele só queria uma resposta. Mal sabia, que não ia rolar. Foi ignorado e não demorou muito pra se sentir traído. Aconteceu quando um homem assumiu o posto e logo obteve uma resposta. Tudo que ele mais queria, aquele cara teve sem esforço algum. Não deu outra, o choro foi intenso. Coitadinho.

Aquela cena me fez relembrar uma série de coisas que aconteciam quando eu era criança:

Quantas vezes você não jogou aqueles fliperamas de corrida sem entender o porquê do carrinho nunca ir pra onde você queria?

Quantas vezes você não tentou puxar conversa naqueles telefones de plástico e nunca tinha respostas?

Todos nós já passamos por isso. E digo mais: vivemos isso todo santo dia. Assim como aquele menino estava sendo observado por mim que conhecia o funcionamento da máquina e sabia que ele nunca tinha visto uma, eu e você também estamos sendo vistos muitas vezes agindo de forma errada por pessoas que conhecem mais que a gente.

Talvez seja injusto demais viver cercado de “olheiros” observando nossos passos. Por outro lado, se refletirmos, eles são essenciais. Se não existissem, saberiamos menos da metade do que sabemos hoje.

É fácil acreditar nisso. Relembre aquela sua última cagada. Agora, imagine se ele não estivesse lá prontinho pra dizer que você estava errado e que deveria fazer diferente. Possivelmente, hoje você nem considerasse isso uma cagada. E sim, ainda estaria cometendo o mesmo erro repetidamente sem saber.

E o mais importante: se o olheiro da vez for você, não fique apenas observando. Alerte e indique a direção correta. Lembre-se que um dia, o menino da vending machine pode ser você. E quando isso acontecer, aceitar e aprender talvez seja o melhor dos caminhos. É injusto demais deixar que as pessoas o vejam errando mais que uma vez.

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Imagem: Shutterstock/zasim.art

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