Eventos virtuais em tempos de Coronavírus

Como todo mundo já sabe ou já sofre na pele, uma série de eventos programados para acontecerem este ano foram adiados ou cancelados.

Tudo o que envolva mais de cinco pessoas juntas no mundo real não vai acontecer em breve.

SXSW, Tribeca Film Festival, shows musicais e eventos corporativos: tudo parado. Ou adiaram, ou jogaram tudo pro ano que vem.

Baseado nisso, um grupo mundial de experts em Realidade Virtual e Aumentada começou um movimento para que esses eventos – pelo menos os corporativos e que tenham alguma relação com outras realidades – aconteçam completamente online: o #ZeroEvent.

Empresas e pessoas de toda a Europa (a nossa Lucha Libre Audio Berlin inclusa), se juntaram e foram atrás das melhores opções de espaços virtuais para que eventos aconteçam e consigam pelo menos juntar virtualmente pessoas interessadas no mesmo assunto (ou seja não é só para quem tem todos os equipamentos de Realidade Virtual).

O foco desta busca era a tentativa de realização do Laval Virtual World que, depois de todos os testes e experiências, acontecerá entre os dias 22 e 24 de abril agora em um ambiente 100% virtual, o VirBELA.

O Laval Virtual é um dos mais importantes eventos mundiais, que acontece desde 1999 na cidade Laval, na França, e o processo de escolha da plataforma não foi tão simples quando a gente imagina.

Primeiro de tudo, e o mais importante: não existe uma plataforma que funciona para todos os formatos de eventos existentes. Cada uma delas tem uma particularidade que a faz “melhor” para um ou outro tipo de evento.

A busca teve como premissas:

(01) a sensação de “estar lá”.

Qualquer tipo de comunicação em 2D (Zoom, Skype, etc) não nos dá a sensação de pertencimento. Estamos em frente a uma tela, com outras pessoas em frente a outras telas, e isso nos disconecta.

Qual plataforma pode funcionar para que as pessoas entrem e se sintam “perto” umas das outras?

(02) o áudio é super importante.

Não basta clareza na transferência de som entre os participantes. Um som posicional, onde você entende de onde ele vem e quem está falando ou interagindo com você é importantíssimo para que a imersão seja completa (mesmo se a qualidade visual do mundo virtual não seja tão realista quando a do mundo real).

(03) adaptabilidade do real para o virtual.

Eventos virtuais são reais. Mas, como todo novo meio, é necessário termos uma nova abordagem. Não basta simplesmente abrir um auditório virtual para 500 pessoas e colocar uma pessoa no palco falando e mostrando slides. Primeiro porquê 500 pessoas dentro de um mesmo espaço virtual cria um “lag” gigante para participantes com menos acesso à banda larga, o ruído criado das pessoas interagindo é enorme (algumas ainda não sabem da existência do botão “mute”), e torna-se impossível interagir com 500 pessoas ao mesmo tempo (como no mundo real).

A interação social é outra.

É necessário criarmos grupos, para que possamos interagir corretamente.

(04) adaptabilidade para quem não tem equipamentos de Realidade Virtual.

Sim, é necessário pensar em quem quer participar mas não tem os meios mais avançados para isso. Se fizermos um evento só para quem tem Oculus Quest ou Vive, falaremos para uma parcela infinitamente menor do que se fizermos um evento que contemple essas pessoas mais quem só tem acesso via browser. Obviamente que a experiência em browser não será tão imersiva, mas é uma alternativa para que todos participem.

Outro dado importante – Não é porque o evento é Virtual que a produção é inexistente.

Criar e gerenciar um evento virtual dá tanto ou mais trabalho do que um evento no mundo real. Apesar de não termos a presença física das pessoas, outros aspectos como conexão do palestrante com a plataforma e o público por exemplo, deve ser pensado e testado de antemão.

E, óbvio, se a primeira experiência é ruim, você não volta uma segunda vez. Isso é padrão na adoção de novas tecnologias.

Aqui vai uma lista de plataformas que testamos, com os prós e os contras de cada uma delas:

Mozilla Hubs

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Evento em espaço aberto, melhor para quando temos mais de 5 pessoas.

Acessibilidade – VR, browser, mobile

Prós – WebVR, funciona em qualquer plataforma / Spatial Audio, você sabe onde estão as pessoas pelo som / Privacidade – você pode criar seu próprio evento e escolher quem acessa.

Contras – Não funciona bem com mais de 10 pessoas (eles dizem 25, mas depois de 6 ou 7 a experiência fica extremamente atrasada / Necessidade de usar fones de ouvido, para evitar realimentação do audio / Nomes muito grandes em cima dos avatares.

VirBELA

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Acessibilidade – Mac/PC (software próprio), VR ainda experimental

Prós – Extremamente fácil e intuitivo / Funciona com 40 pessoas (o número máximo que tivemos durante a experiência) sem problemas, pode ainda funcionar com mais pessoas conectadas / Apresentações extremamente fáceis de fazer, via ppt, keynote, link para videos do YouTube e outros recursos / Possibilidade de se dividir o grupo em grupos menores e só ouvirmos e interagirmos com quem está perto.

Contras – Audio sem espacialidade / VR ainda em implementação / Necessidade de instalar o software.

Moot/LearnBrite

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Acessibilidade – VR, browser (via Zoom e Slack)

Prós – O “Zoom” em VR no caso do Moot / Integração com o Slack / Várias localidades com diferentes aspectos (Video 360, EAD em VR, treinamento, auditórios, salas menores).

Contras – Quando muita gente entra, obviamente o desempenho cai / Um pouco complicado para convidar pessoas através do Zoom ou Slack (apesar de ser um grande diferencial).

Coloquei os dois na mesma explicação porquê são da mesma empresa, e você consegue integração entre o LearnBrite e o Moot a partir de um ou de outro.

AltSpace VR

AltSpaceVR

Acessibilidade – VR (3DOF E 6DOF), versão 2D para streaming.

Prós – A plataforma social mais bem estabelecida e conhecida em VR / customização do ambiente usando Unity / possibilidade de livestream usando Twitch ou YouTube / atende a grandes eventos com muitas pessoas.

Contras – não existe versão para desktop Mac/PC / não existe a possibilidade de eventos fechados.

MOR (Museum of Other Realities)

MOR

Acessibilidade – PCVR (ainda sem opção para Oculus Quest)

Prós – Qualidade visual excelente, bom para eventos artísticos / Interação fácil

Contras – não existe a possibilidade de PC/Mac/browser.

O MOR criou uma parceria com o Tribeca Film Festival e o SXSW para apresentações agora em 2020.

Somnium Space

Somnium

Acessibilidade – PCVR

Prós – visualmente bonito / teoricamente pode receber 300 pessoas ao mesmo tempo / altamente interativo

Contras – Ainda em desenvolvimento

Engage VR

Engage

Acessibilidade – Windows 10 PCVR, Oculus Quest

Prós – 50 pessoas por sala, com capacidade de multiplicar a mesma sala para comportar mais gente / desenvolvido com foco em ensino e comunicação

Contras – Falta de acesso via Mac ou browser em PC

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Além destes todos mencionados acima, ainda testamos vários outros como o Flipside XR, que tem ferramentas para criação de animações e streamings em VR para qualquer outra plataforma via YouTube ou Twitch, o UploadVR, que também dá ferramentas para criação de conteúdo virtual, e muitos outros mais.

Vale a pesquisa mais aprofundada de cada um deles, e, acima de tudo, descobrir qual plataforma é a melhor para sua necessidade.

PS_Faltou agradeçer quem fez parte de tudo. Para isso faço minhas as palavras da Alina Mikhaleva, uma das grandes responsáveis pelo #ZeroEvent.
“Este post não seria possível sem a comunidade #XRCrowd. É incrível ver as pessoas se unindo em tempos de crise, e a comunidade XR fez exatamente isso. A comunidade #XRCrowd para profissionais de VR / AR formou uma iniciativa #EmbraceOnlineXR para coletar o máximo de conhecimento possível e ajudar a trazer eventos cancelados on-line usando todos os recursos da indústria de XR. Testemunhei o incrível conhecimento dessa comunidade, realizei muitos testes e ajudei a montar o #ZeroEvent como primeiro teste de grupo do #EmbraceOnlineXR.”

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