Afinal, por que o ódio brota com tanta facilidade nas redes sociais?

A parte menos interessante da internet e das redes sociais

Das invenções dos últimos anos, a internet está no topo das melhores. Ela conecta as pessoas, oferece informação, ensina, educa, ajuda a criar, a divulgar, a solidarizar, mas junto de tanta coisa boa ela também expõe o que há de pior nas pessoas.

Na sociedade contemporânea o indivíduo vale o apreço que produz, ou seja, seu sucesso é contabilizado com o número de “likes” que ele consegue pelas suas postagens. Não importa quantos diplomas você têm, qual é a sua trajetória de vida, a sua validação na sociedade é feita através de quem e quantas pessoas gostam de você online.

Vamos dar um exemplo de uma pessoa transsexual (mas poderia ser alguém acima do peso, negro ou parte integrante de outra minoria), que vive em uma cidade pequena e que pensava que passaria a vida só, sem amigos e escondendo qual é a sua verdadeira essência.

Na internet, ela então descobre pessoas como ela e que estão dispostas a entendê-la, escutá-la, e dar conselhos. Por outro lado, existe um ódio coletivo que se manifesta contra e que é alimentado por figuras sinistras que incitam o ódio, difamam, insultam e até desejam a morte dessas pessoas.
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Na internet não existem filtros

As pessoas se expressam livremente e cometem atrocidades se esquecendo de si mesmos e dos valores éticos, agindo sem respeito mínimo aos direitos humanos. O psicólogo Philip Zimbardo ressalta o “Efeito Lúcifer”, que se refere a como é fácil para pessoas boas se tornarem más.

“Esta é a chave: é sobre poder. Ferir pessoas psicologicamente, ferir pessoas fisicamente, destruir pessoas ou ideias, e cometer crimes contra a humanidade”

Zimbardo também aponta que essas reações são a maneira que o indivíduo encontra para se sentir aceito em um grupo, pois ninguém é 100% bom ou 100% mau, “entre esta linha está o coração de cada pessoa”. Nas palavras de Ivan Teorilang:

“São as circunstâncias e não a índole, o fator determinante para se avaliar o caráter de um homem, caso falte a ele tais circunstâncias só lhe restará a retidão.”

A inversão de valores e a dimensão dos assuntos nas redes também merece ser citado, já que o foco das situações tende a ser controverso, como bem aponta o ilustrador quando compara a comoção das pessoas com a morte de uma estudante e a suposta cor de um vestido. Repare na ironia relacionada à quantidade de comentários, compartilhamentos e “likes” de uma foto para a outra:

cinismo ilusterado en oldskull ilustracion 9

Mas por que há tanto ódio nas redes sociais?

Porque as opiniões ganharam uma dimensão pública, recebem aplausos e seguidores, e de alguma forma o autor passa a se sentir aceito e validado.

Assim, as redes sociais oferecem uma espécie de aceitação do ódio que antes era muito difícil de acontecer quando a internet não existia. Há quem a utilize como forma de descarga de energia, liberando suas frustrações, ou ainda, para pôr em prática fantasias perversas, que precisaria de muita coragem para realizar no mundo real.

Esse fenômeno, infelizmente, não tem solução porque não há como voltar atrás, e essa é a parte mais cruel da internet e das redes sociais. Mas se você for vítima de abuso na internet, saiba que não está sozinho, a lei está ao seu lado para te ajudar, clique aqui para saber como.


*Com informações da BBC e do Uol.

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