Quebra de patente em mapas farmacêuticos

O recente debate em torno da possibilidade de quebra de patentes para a produção de vacinas contra o Covid-19 passa por um tópico recorrente na indústria farmacêutica, o direito à propriedade intelectual em contraponto ao direito à vida.

O recente debate em torno da possibilidade de quebra de patentes para a produção de vacinas contra o Covid-19 passa por um tópico recorrente na indústria farmacêutica, o direito à propriedade intelectual em contraponto ao direito à vida. Sendo um tema sensível avaliar até que ponto uma empresa pode controlar o acesso a um conhecimento estratégico.

Em meados do ano 2000 a União Européia determinou que a então chamada IMS Health (hoje IQVIA) deveria permitir que seus concorrentes acessassem seus mapas territoriais, respectivamente NDC Health (hoje McKesson) e AzyX Geopharma  (hoje adquirida pela IQVIA, ex IMS).

Estes mapas territoriais são chamados Brics (tijolos), nos quais uma região maior é fracionada em partes menores. A habilidade em recortar o espaço de forma coerente, que preserve as características homogêneas, bem como entenda os pontos de divisão entre eles é algo de altíssimo valor. O expertise necessário para um bom desenho é imenso, mas foi de tal forma bem feito pela IMS Health que foi inteiramente aceito pelos laboratórios farmacêuticos como o padrão-ouro de fracionamento de um mercado.

Na prática seria impossível articular um plano de ação, marketing, qual seja, tendo em mente um país inteiro. Por isso precisamos da Geografia, ela nos dá a capacidade de decompor essa complexidade em dimensões operáveis.

Tendo por base os IMS Brics, a indústria como um todo passou a construir suas estratégias. A Alemanha, que ensejou o processo de quebra de patentes, foi dividida em 1.860 partes onde são detalhadas informações de venda de remédios e prescrições médicas. Cada Bric contempla a área de atuação de, no mínimo, quatro farmácias.

Mas em algum momento o benefício que os IMS Brics ofereceram para o setor começou a representar um obstáculo, na medida em não poderiam incorporar informações de outros players, constituindo um monopólio para a IMS Health.

Como parte do processo, ficou claro que a indústria farmacêutica era de tal forma dependente dos Brics que não havia qualquer interesse de que fossem criados outros sistemas de fracionamento territorial. Isso levou a corte européia a obrigar que a IMS Health licenciasse aos seus concorrentes o acesso aos mapas territoriais do setor farmacêutico.

Uma quebra de patente pouco usual para a indústria farmacêutica, mas que dá a dimensão de como a Geografia é objetiva e definitiva.

PS: A apresentação abaixo é uma boa referência para quem desejar saber mais sobre as aplicações de Geomarketing para o segmento farma, basta clicar na imagem.

Business plans are made nationally, but what do they mean regionally, what’s the impact? ...

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