Segundo o próprio festival Cannes Lions, a categoria Titanium busca premiar campanhas provocativas, ousadas e que causem inveja em quem vê. Entre os finalistas de 2019, um tema saltou aos meus olhos: os desafios e a relevância do jornalismo.
O valor da verdade foi o destaque dado pela Droga5 para a campanha The Truth is Worth it, do The New York Times, que conta em uma batida interessante o quão complicado é apurar um assunto e realizar uma reportagem, especialmente as investigativas.
Na campanha The Non-Issue, a McCann Paris, em parceria com a L’Oreal, criam uma edição especial da Vogue envolvendo apenas mulheres acima dos 50 anos, seja como modelos, seja na produção das pautas, provocando toda a editoria de beleza sobre os riscos de uma abordagem idadista – e ressaltando que beleza realmente não tem idade.
Em The Blank Edition, a Impact BBDO cria uma edição em branco do jornal árabe An-Nahar, convidando os leitores a usarem a primeira página para cobrar o governo por mais transparência – se tornando, ironicamente, a edição mais vendida da publicação.
Já a TBWA/Chiat Day de Nova Iorque apostou na materialização da desinformação, levando uma Banca Fake News que exibia falsas notícias em versão impressa – ao abrir as páginas, o leitor podia encontrar um guia, criado pela Columbia Journalism Review, sobre como evitar confundir uma notícia real com um a informação falsa.
Como se não bastasse, a DDB Berlim também ajudou a levar notícias para territórios onde há censura, usando uma “falha do sistema” de censura – transformou reportagens em canções e distribuiu por um meio pouco monitorado por quem quer evitar a disseminação de informações: o streaming de músicas. Uma sacada genial para o Repórteres Sem Fronteiras da Alemanha.
Se depender da ajuda dos nossos colegas publicitários, o jornalismo continuará vivíssimo – e, espero, as pessoas passem a enxergar ainda mais a importância dele para os nossos tempos.